Soja inicia a semana em campo positivo na CBOT e mais chuvas no Meio-Oeste dos EUA
Os futuros da soja iniciam a semana operando em campo positivo na Bolsa de Chicago e, novamente, diante da possibilidade de mais chuvas para o Meio-Oeste americano nesta segunda-feira (22). Por volta das 7h40 (horário de Brasília), as cotações subiam entre 2 e 4,25 pontos entre as posições mais negociadas, com o novembro/15 valendo US$ 9,43 por bushel.
De acordo com o instituto meteorológico AccuWeather, dos Estados Unidos, nesta segunda o Centro-Oeste americano deve receber fortes e volumosas chuvas, neste que é o primeiro dia oficial do verão 2015 no país, principalmente nos estados mais ao norte do cinturão.
Veja como fechou o mercado na última sexta-feira:
Soja: Mercado fecha semana com altas de quase 4% em Chicago e bons preços no Brasil
A semana foi agitada e positiva para o mercado da soja na Bolsa de Chicago e os principais vencimentos fecharam os negócios com alta de quase 4%. A primeira posição - julho/15 - subiu 3,6% e terminou a semana valendo US$ 9,71 por bushel. Já o novembro/15, referência para a safra norte-americana, saltou de US$ 9,04 para US$ 9,39 - depois de superar os US$ 9,40 - e acumulou um ganho de 3,93%.
As altas só não foram ainda mais acentuadas no balanço semanal devido ao movimento de realização de lucros registrados no pregão desta sexta-feira (19), quando o mercado na CBOT fechou em campo negativo, com baixas que variaram de 2,50 a 6,25 pontos, com as baixas mais amenas nos vencimentos mais distantes.
Os traders, segundo explicaram analistas, aproveitaram a sexta-feira para garantir um bom posicionamento antes do início da próxima, principalmente à espera dos números do novo boletim semanal de acompanhamento de safras que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz na segunda-feira (22).
"A semana foi positiva mas, na sexta-feira, os investidores preferem ficar com o dólar na mão do que com uma posição, ainda mais com esse quadro de instabilidade na economia e as incertezas que ainda pairam sobre o mercado financeiro, principalmente em relação à dívida da Grécia", explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting,
Nesta sexta, o dólar voltou a subir no Brasil e no cenário internacional e fechou a sessão frente ao real com mais de 1% de alta, após quedas recentes, valendo R$ 3,1021. Na semana, entretanto, a divisa recuou 0,51%. E segundo especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, os investidores aproveitaram a "novela da dívida grega" para reajustarem suas posições antes do início de uma nova semana.
Na semana, os preços da soja acumularam altas nos portos em suas principais referências. Em Paranaguá, a soja para julho/15 fechou com R$ 68,50 e alta de 1,03%, enquanto o grão para entrega em maio/16 fechou com 2,16% de alta e R$ 71,00 por saca. Em Rio Grande, a soja disponível registrou um ganho de 2,5% para R$ 69,70 e a futura subiu 3,08% para R$ 73,70. No interior do país, as altas se aproximaram do 2% no balanço semanal nas principais praças de comercialização.
Altas em Chicago
Nesta semana, o fator mais observado pelos traders no mercado internacional da soja foi o clima adverso nos Estados Unidos. Há um excesso de chuvas afetando seriamente o Meio-Oeste do país e já comprometendo o bom andamento da safra 2015/16 dos EUA. E nos últimos dias, a situação foi significativamente intensificada com a chegada de uma tempestade tropical - Bill - que trouxe ainda mais e mais fortes precipitações.
Em alguns estados, o plantio da soja está bastante atrasado e, para alguns especialistas, a produtividade da oleaginosa já poderia estar sendo afetada e reduzida em algumas áreas importantes e as últimas previsões continuam indicando chuvas fortes pelo menos durante esse final de semana e até a próxima segunda-feira, 22 de junho.
E com esse cenário continuando por mais alguns dias, ainda segundo explica Vlamir Brandalizze, poderia estimular o mercado a se consolidar em patamares ainda melhores na Bolsa de Chicago. "Por enquanto, as condições para a safra nova dos Estados Unidos continuam desfavoráveis e isso é positivo para os preços", explica.
O mercado futuro de soja se ajustou ainda na espera por dois importantes boletins que também serão reportados pelo USDA no final do mês: estoques trimestrais dos EUA e área de plantio da safra 2015/16. E com a situação atual de clima adverso nos EUA e os mecanismos do eficiente seguro agrícola, há muita especulação sobre a área norte-americana nesse momento.
O chefe do setor de commodities agrícolas do banco internacional Sociétè Generale, Christopher Narayanan, no entanto, traz algumas ressalvas sobre esse novo boletim. "É importante ressaltar que o total da área a ser apresentada nesse relatório é a soma dos acres já plantados e dos que os produtores têm a intenção de plantar. O USDA estará baseado nos números recolhidos na primeira metade de junho", diz.
O executivo explica ainda que, embora essas estimativas sejam de extrema importância para ajudar nas projeções para os níveis finais da produção, levando em consideração o período da amostragem dos dados, algumas dessas áreas a serem reportadas poderiam se perder se as condições de clima continuarem ameaçando as áreas produtoras.
Movimentação dos negócios no Brasil
O consultor da Brandalizze Consulting explicou ainda que esta semana foi bastante propícia para os negócios com a soja da safra nova, e preços que pagam acima dos R$ 70,00 base portos. E esses negócios se basearam, principalmente, em cima das relações de troca.
Com melhores referências em Chicago, a baixa do dólar frente ao real acabou perdendo parte do efeito mas, ao mesmo tempo, criou um cenário favorável para a compra dos insumos, motivando essas trocas. "Com o dólar abaixo dos R$ 3,10, o produtor brasileiro entrou fazendo algumas posições com insumos e vendendo, via troca, quando Chicago puxou um pouco mais para cima", explica Brandalizze.
Já para a soja disponível, os negócios seguem acontecendo de forma pontual, com preços nos portos brasileiros ainda trabalhando na casa dos R$ 69,00 por saca e, em alguns casos, o mercado interno vem pagando melhor do que a exportação, com uma demanda - especialmente por óleo de soja - bastante aquecida.
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