CBOT: Soja fecha 3ª feira em campo negativo, mas ameniza perdas no final da sessão
Na sessão desta terça-feira (20), o mercado internacional da soja teve um dia de perdas significativas na Bolsa de Chicago, as quais, inclusive, se aproximando dos 20 pontos nos piores momentos dos negócios. No final da tarde, porém, as baixas foram amenizadas e, no fechamento do dia, os principais vencimentos registraram perdas de 9 a 9,75 pontos, e o vencimento março/15, o mais negociado nesse momento, terminou no pregão cotado a US$ 9,82 por bushel.
O mercado sentiu a pressão, segundo analistas, de um movimento ainda forte de liquidação de posições por parte dos fundos de investimentos, e também das notícias vindas dos movimentos de washouts (ou cancelamentos) de compras chinesas de soja reportadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Foi "cancelada" a compra 174 mil toneladas da oleaginosa.
Para o analista de mercado e editor sênior do site norte-americano Farm Futures, Bryce Knorr, esse é um fator de forte pressão sobre as cotações, uma vez que essa "onda de washouts parece ter começado mais cedo do que o normal, devido à proximidade da chegada da safra da América do Sul".
No entanto, para o consultor de mercado Steve Cachia, da Cerealpar, esses cancelamentos por parte da nação asiática são "normais", principalmente nesse período do ano, e dependem do volume para serem capazes de afetar o mercado e o efeito de informações como essa acabam sendo passageiros. A expectativa, ainda de acordo com o consultor, é de que as compras chinesas de soja sejam ainda mais fortes do que as registradas em 2014 dado o crescimento significativo de sua economia, que passa de 7% ao ano.
Em 2014, o país cresceu 7,4% ao ano e, apesar de se tratar de um número siginificativo, apresentou um ligeiro recuou em relação aos anos anteriores, o que poderia, para alguns, comprometer a demanda da economia mais importante no quadro da importação de alimentos. Entretanto, a projeção é comum entre analistas e consultores de mercado que a demanda chinesa por alimentos não deve ser prejudicada.
"Se acenou nos últimos anos que com a desaceleração econômica da China as compras poderiam ser menores, mas isso não tem sido a realidade, pelo menos nas commodities agrícolas. A China cresce mais de 7% ao ano e com isso há demanda nova, principalmente por alimentos, basicamente soja e milho", diz Cachia. "Então, acredito que a China continuará comprando e mais forte ainda do que em 2014", completa.
Nesta terça, o USDA divulgou seu novo relatório semanal de embarques norte-americanos e os números da soja ficaram ligeiramente acima das expectativas, o que ajudou o mercado a amenizar a intensidade das baixas observadas em Chicago. Os embarques semanais norte-americanos de soja totalizaram 1.517,985 milhão de toneladas e o número ficou ligeiramente acima das expectativas do mercado, que variavam de 1,4 milhão a 1,5 milhão de toneladas. No entanto, o total foi menor do que o registrado na semana anterior, quando foram embarcadas 1.868,344 milhões de toneladas. No acumulado da temporada, os embarques da oleaginosa pelos EUA já totalizam 34.188,934 milhões de toneladas. Nesse mesmo período do ano comercial anterior, os embarques somavam 28.330,352 milhões.
Para Cachia e também para o consultor de mercado Ênio Fernandes, esses números positivos vindos da demanda junto da confirmação de quebras na safra brasileira poderiam ser fatores de estímulo à uma recuperação das cotações.
"A cada dia que não chove no Centro-Sul, estamos nos distanciando de uma safra de 95 milhões de toneladas. Teremos quebras em várias regiões do Brasil, em alguns locais, quebras mínimas, em outros, quebras extremamente importantes, não teremos mais uma safra de 95 milhões", diz Fernandes.
No entanto, essas informações ainda não receberam a devida atenção do mercado já que as informações ainda têm sido divergentes e empresas importantes, nacionais e internacionais, estão à campo, segundo Fernandes, para levantarmos os impactos desse calor excessivo e da irregularidade de chuvas em todo o país. E essa é uma situação que se repete no Paraguai, onde a colheita já se iniciou e as produtividades estão bastante irregulares.
Por outro lado, na Argentina, a safra 2015 evolui bem, segundo relata o diretor da Globaltecnos, Sebastian Gavalda, e a produção nesta temporada pode ser recorde. Entretanto, a comercialização no país está atrasada, concluída em apenas 2%, número bem abaixo da média histórica. No link abaixo, veja a íntegra do consultor Ênio Fernandes:
Mercado Interno e Comercialização
Com essa pressão sobre as cotações na Bolsa de Chicago aliada a mais uma dia de desvalorização do dólar frente ao real, os produtores brasileiros seguem na defensiva, sem qualquer interesse de venda nos atuais níveis de preços e mantém a comercialização da safra 2014/15 ainda bastante lenta.
Nesta terça-feira, os preços da soja no Brasil não apresentaram uma direção definida e em algumas praças chegaram a apresentar valorização, com no porto de Paranaguá, onde a cotação para o produto com entrega em abril/15 fechou o dia a R$ 61,00 por saca, subindo 0,83%. Por outro lado, em Rio Grande, a baixa foi de 0,81% para R$ 61,00 na soja com entrega em maio/15.
O dólar recuou, nesta terça, mais de 1% frente ao real e anulou, segundo explicaram analistas, as boas altas observadas na última sexta-feira (16). As boas expectativas sobre as novas medidas a serem adotadas pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy e notícias positivas vindas do cenário macroeconômico motivaram essa baixa. "Houve uma conjunção de fatores que deixou o mercado animado, começando pela China e acabando aqui, no pacote de aumento de impostos de ontem", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo à agência Reuters.
Veja como fecharam as cotações da soja nesta terça-feira:
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