Com alta da soja em Chicago, mercado sobe também no Brasil
Em uma tentativa de se recuperar após dez sessões consecutivas de baixas na Bolsa de Chicago, os preços da soja voltaram a subir nesta segunda-feira (14). Na sessão regular, por volta de 12h15 (horário de Brasília), os ganhos das principais posições variavam entre 6,50 e 11 pontos. O vencimento agosto era negociado a US$ 12,06 por bushel, e o setembro/14 já recuperava a casa dos US$ 11. No entanto, o novembro/14, referência para a nova safra norte-americana, era cotado a US$ 10,82.
No mercado interno, os preços também parecem esboçar uma recuperação. No porto de Rio Grande, o preço de venda era de R$ 68,00, contra os R$ 67,00 da última sexta e, no de Paranaguá, o valor é de R$ 67,00/saca, contra R$ 65,00. Paralelamente, os prêmios pagos em ambos os portos também registram boa desvalorização, com uma indicação de R$ 2,05 em Paranaguá acima do valor praticado para o vencimento setembro em Chicago.
Como explicou Ênio Fernandes, consultor em agronegócio, esses prêmios continuam indicando a pouca oferta disponível de soja no Brasil e a demanda ainda bastante aquecida pelo produto brasileiro. Da safra 2013/14, já foram exportadas 31,77 milhões de toneladas, de um total estimado em pouco mais de 44 milhões de toneladas.
Além das vendas externas, há ainda a demanda interna bastante aquecida. Dos 46% da soja produzida no Brasil e destinada ao consumo internom 87,9% são destinados à moagem para a fabricação de farelo e óleo de soja, e as vendas de ambos os produtos também registraram crescimento no último mês.
"Nós temos exportado bem e isso deve continuar, o que deve continuar, portanto, favorecendo os prêmios no Brasil, que seguem bons e crescendo", explica Fernandes. "O mercado está se comportando como era esperado diante do quadro atual, as quedas já eram esperadas, porém, vieram um pouco mais cedo do que se projetava", completa.
Até o último dia 11, o Brasil já havia comercializado 82% de sua safra, segundo o último levantamento da consultoria Safras & Mercado. Apesar de o mercado brasileiro ter registrado um leve aumento no ritmo de negociações - mas ainda segue lento com os produtores retráidos nas vendas - o número segue abaixo do que foi registrado nas duas safras anteriores - 2012/13 e 2011/12 - onde os índices foram de 84 e 95%, respectivamente.
Nos Estados Unidos, números da demanda contribuem para o suporte aos preços. Nesta segunda, o USDA reportou seu novo boletim de embarques semanais e os números para a soja vieram acima de 100 mil toneladas.
De acordo com o reporte, os EUA embarcaram, na semana que terminou no dia 10 de julho, 115,280 mil toneladas de soja e elevou o acumulado no ano para 42.810,027 milhões de toneladas. A última projeção do USDA para todo o ano comercial, que se encerra em 31 de agosto somente, é de que os EUA embarquem 44,05 milhões de toneladas da commodity. No mesmo período da safra anterior, o acumulado era de 35.190,268 milhões de toneladas.
Números do USDA X Mercado Climático
Na última sexta, o USDA aumentou sua estimativa para anova safra dos EUA de 98,93 milhões para 103,42 milhões de toneladas, com uma produtividade de mais de 51 sacas por hectare. A área plantada com a oleaginosa indicada pelo departamento para a temporada 2014/15 é de mais de 34 milhões de hectares e, caso esses números se confirmem, os estoques finais norte-americanos serão de mais de 11 milhões de toneladas.
Esses dados chegaram ao mercado causando um impacto bastante severo e levaram as cotações, segundo explicaram analistas, a um novo patamar de negociações, refletido, principalmente, no vencimento novembro que opera abaixo dos US$ 11 por bushel. Entretanto, daqui em diante, a importância do comportamento do clima no Meio-Oeste dos Estados Unidos se intensifica a cada dia.
Os próximos 40 dias, como explicou Ênio Fernandes, estarão no foco dos investidores internacionais, pois será nesse período que a safra americana deve se desenvolver, entrando em seu estágio mais importante, que é o de enchimento de grãos e onde a presença da água é fundamental e determinante.
No entanto, do final de julho até o meio de agosto, as chuvas no Corn Belt tendem a ser mais esparsas e as temperaturas poderiam ficar um pouco mais altas. Caso isso se confirme e as plantas passem por algum stress climático, o mercado deve registrar alguma reação. "O stress está previsto, só não se sabe ainda se irá se confirmar, qual o seu tamanho e a intesidade do impacto sobre os preços", diz o consultor. "Assim, o mercado usa esses meses para especular", explica.
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