Com demanda ainda forte pela soja dos EUA, mercado fecha em alta
O ritmo ainda muito forte dos embarques de soja que vem sendo registrado nos Estados Unidos motivou novas altas para a soja, que fechou o dia subindo mais de 15 pontos nos vencimentos mais próximos. O contrato maio/14, referência para a safra brasileira, fechou a sessão desta segunda-feira (24), valendo US$ 14,25 por bushel, subindo 16,75 pontos, enquanto os ganhos das demais posições variaram entre 9,50 e 16,50 pontos.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em seu boletim de inspeções de exportações, que os embarques de soja dos EUA na semana que terminou no dia 20de março ficaram em 732,132 mil toneladas. Com esse número, o total embarcado na temporada 2013/14 sobe para 39.655,431 milhões de toneladas. Entretanto, a projeção do USDA é de que os EUA exportem, em todo o ano comercial - que se encerra somente em agosto, 41,64 milhões de toneladas.
São esses números, frente à escassez de soja nos EUA refletida nos estoques do país em níveis crítico, os principais fatores de suporte para as cotações em Chicago, principalmente no curto prazo, segundo explicam analistas.
"Nós temos essa planilha que não fecha nos Estados Unidos (...) O déficit das exportações é de 2,8 milhões de toneladas, ou seja, os EUA precisaram importar esse volume para cumprir com sua obrigação de exportação já contratada, isso sem contar que não pode exportar mais nada", explica Vinícius Ito, analista de mercado da Jefferies Corretora, de Nova York.
Além da ajustada oferta norte-americana e de uma demanda mundial sem dar sinais de desaquecimento, Ito afirma ainda que as perdas causadas pelo clima na América do Sul, principalmente no Brasil, contribuem para a sustentação do mercado. A safra brasileira, inicialmente estimada em 90 milhões de toneladas, já conta com projeção de 85 milhões de toneladas, de acordo com os últimos números trazidos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
"Com esse mercado de mãos atadas, esse mercado se preocupa bastante com essa realidade da América do Sul e continua em alta nos Estados Unidos", diz o analista.
USDA - Apesar desse suporte nos fundamentos, o mercado ainda apresenta alguma volatilidade nessa semana à espera do boletim que o USDA traz na próxima segunda-feira, dia 31. Como explicou Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, a semana deve ser de intensa especulação no mercado internacional de grãos por conta das expectativas acerca deste boletim.
O boletim trará os estoques dos EUA em 1º de março, que são esperados como os mais baixos da história ou ficando entre os mais apertados dos últimos anos, o que deve motivar, segundo explicou Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, novas altas para o mercado.
Além disso, o USDA traz também as primeiras projeções oficiais para o plantio da nova safra norte-americana e as primeiras expectativas do mercado são de que haja uma redução da área de milho e um aumento para a soja. No entanto, essas informações devem impactar nos contratos de mais longo prazo, juntamente com as notícias sobre o frio intenso nas principais regiões produtoras do país, o qual já tem atrasado os trabalhos de campo em alguns estados do Meio-Oeste.
Milho: Frente às preocupações com o clima e a demanda forte nos EUA, mercado fecha em alta em Chicago
Por Fernanda Custódio
As posições futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) terminaram o pregão desta segunda-feira (24) com forte alta. Ao longo das negociações, os contratos ampliaram os ganhos e fecharam a dia com ganhos entre 7,75 e 11,00 pontos. O contrato maio/14 era comercializado a US$ 4,90, com valorização de 2,29% em relação à última sessão.
O clima frio nos Estados Unidos, em importantes regiões do Corn Belt, foi o principal fator de suporte aos preços em Chicago. E se o tempo mais frio em partes do cinturão produtor do país permanecer pode atrasar o plantio do milho norte-americano, assim como, afetar o desenvolvimento da safra 2014/15.
As condições climáticas adversas têm prejudicado o transporte das commodities dentro dos EUA e também gerado um aumento demanda por ração, conforme explica o analista de mercado da Jefferies, Vinicius Ito.
Paralelo a esse cenário, frente a perspectiva de redução na área cultivada com o milho na próxima safra, a demanda pelo produto norte-americano permanece aquecida e também tem exercido pressão positiva sobre os preços futuros. Nesta segunda-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou as vendas semanais de milho, na semana encerrada no dia 20 de março, em 1.142.722 toneladas.
Na última semana, o número anunciado pelo departamento norte-americano foi de 976.742 toneladas (número revisado). No total acumulado no ano safra, que teve início no dia 1º de setembro, as vendas somam 21.068.669 toneladas, contra 10.482.102 milhões de toneladas no ano anterior.
“Estamos com um nível de exportações norte-americanas altas a cada semana e, tanto os preços de soja como de milho, apesar dos mercados terem fundamentos um pouco diferentes, devem permanecer sustentados, por enquanto”, afirma Ito.
Além disso, os investidores ainda estão cautelosos em relação à situação na Ucrânia, já que um possível conflito pode direcionar a demanda para outros países, inclusive os EUA, conforme destaca a analista de agronegócio da Céleres Consultoria, Aline Ferro. E frente a essas incertezas, o mercado já trabalha com a especulação de redução de 20% na área agrícola no país, porém as informações ainda não foram confirmadas oficialmente.
BMF&Bovespa
Nesta segunda-feira (24), os preços trabalham do lado positivo da tabela na BMF&Bovespa. As cotações têm refletido a quebra na safra de milho verão em importantes regiões produtoras e também em relação às incertezas sobre a segunda safra. Devido aos problemas com clima, seco em algumas localidades ou com excesso de chuvas, como no Mato Grosso, parte da safrinha foi cultivada após a janela ideal de plantio. Até a última sexta-feira (21), cerca de 95% da área já tinha sido cultivada, segundo levantamento da Céleres Consultoria.
No estado do Paraná, em torno de 95% da área já tinha sido cultivada, no mesmo período. No Mato Grosso, 100% da área já foi semeada, no Mato Grosso do Sul, 95% da safrinha foi semeada e em Goiás, o percentual é de 93%. Ainda na visão da analista da Céleres, a tendência é que os preços permaneçam em patamares mais elevados do que os registrados no ano anterior, situação decorrente da oferta apertada e da forte demanda no mercado interno e externo.
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