Produtores da Argentina voltarão a exportar soja para cobrir custos e abrir espaço para nova safra
Os produtores da Argentina devem voltar a exportar soja nas próximas semanas, depois de segurarem suas vendas como medida de proteção contra a desvalorização do peso e da inflação crescente. Com o início da colheita da nova safra, é preciso abrir espaço em seus estoques, além de dispor de renda suficiente para pagar seus impostos de renda. É o que informa o site Moneynews.com.
O país, que é o terceiro maior exportador de soja e maior exportador de farelo, sofreu uma forte desvalorização de sua moeda no último mês, fazendo com que o armazenamento do grão fosse um investimento mais seguro do que os pesos.
Alexis de Noailles, produtor da província de Buenos Aires, afirma que não será possível armazenar sua soja por muito tempo. “Nós temos gastos estruturais em uma fazenda, por isso chega uma hora em que é preciso vender seus estoques... A maioria dos produtores paga seu imposto de renda em março, e ele não pode ser pago em soja”.
Noailles diz ainda que a pressão da nova safra incentiva a venda. “Você não pode esperar até o último minuto para vender a soja, porque teremos muita soja no mundo este ano e, quanto mais próximo de março estivermos, mais baixos estarão os preços”.
O recomeço das vendas está previsto para o início da colheita, mas ainda não foi precificada nas cotações do mercado future, Segundo Rich Nelson, estrategista chefe da consultoria Allendale.
Queda nas cotações
Nelson informa ainda que o vencimento para março na Bolsa de Chicago pode cair para US$ 12,50 o bushel até o meio de fevereiro, o que representa uma queda de US$ 0,17 em relação à cotação atual. As cotações de julho podem cair para US$ 11,75 no pico da colheita, ou seja, US$ 0,65 abaixo do preço atual, com o aumento das exportações da Argentina e do Brasil.
A safra de soja da Argentina deve alcançar 53 milhões de toneladas, segundo a Bolsa de Grãos de Buenos Aires. No ano passado, foram 48,5 milhões de toneladas.
Pablo Adreani, consultor agrícola, afirma que “o mercado local da soja irá voltar à ativa quando a nova safra entrar. Os produtores terão que vender ao menos 20% de sua safra de 2014 para pagar custos de produção... Pelo menos 11 milhões de toneladas da nova safra devem entrar no mercado até maio”.
Nos próximos meses, também teremos a safra brasileira, com 89 milhões / t. e do Paraguai, com 9,4 milhões / t. A maior demanda vem da China, onde a soja é usada para a produção de ração animal.
Leandro Pierbattisti, analista da Câmara de grãos da Argentina, afirma que “a soja é hoje vista como uma moeda, como o dólar ou o euro, mais valiosa que o peso”.
O ministro da Economia Axel Kicillof, que coordenou a nacionalização da maior indústria de petróleo da Argentina, a YPF, em 2012, pede para que comerciantes não subam seus preços. Ele informa que o governo irá usar suas reservas do banco central para intervir no mercado de câmbio internacional para manter o valor de 8 pesos por dólar, um nível que ele considera “adequado”.
Informações: Moneynews.com
Tradução: Fernanda Bellei
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