Família tenta controlar Terra Indígena Kadiwéu e inicia uma guerra civil entre os índios
Um grupo angustiado de trinta índios kadiwéu que vivem em seis aldeias da Terra Indígena Kadiwéu procurou no início de janeiro o escritório da Funai em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O grupo tentava entregar um relatório com denúncias sobre a iminência de uma guerra civil na área de mais de meio milhão de hectares em vivem.
O índio Lourenço Anastácio, da aldeia Alves de Barros, acompanhado da cacique Lenara Pedroso, do povoado São João, relataram que uma família kadiwéu estaria tentando assumir o controle da terra indígena fazendo ameaças e impondo regras pela violência aos demais índios. Os Matchua já ocupam posição de liderança entre os membros da etnia, mas querem assumir o controle absoluto sobre a área.
“Todas as famílias vivem com medo agora. Por causa dessa discussão os serviços de saúde da Sesai deixaram de chegar às aldeias. Um médico já disse que não irá mais lá enquanto esta situação não for solucionada. Os Matchua querem aplicar leis que não estão de acordo com a comunidade, querem tudo para a família deles”, afirma Lourenço.
A cacique Lenara destaca que precisou deixar a terra indígena em virtude das ameaças que recebia da família Matchua. Ela conta que chegou a ser agredida depois de ir contra as determinações dos líderes e procurou a polícia da cidade de Bonito para registrar boletim de ocorrência.
“Eles querem intimidar as outras lideranças para estar com eles, quem não fazer a vontade deles corre risco. Se continuar como está as famílias terão de sair das aldeias e buscar abrigo na cidade”, diz Lenera.
Os indígenas afirmaram que vão procurar a Prefeitura de Porto Murtinho, Polícia Federal e também o Ministério Público para que os mesmos interfiram na situação e solucionem o conflito nas aldeias Kadiwéus.
No dia 11 de dezembro os indígena Ademir Matchua e Horário Ferraz foram assassinados em uma emboscada. Os dois chegaram a ser socorridos pelos próprios índios e levados para o hospital de Bodoquena. Na ocasião o indígena Lourival Matchua, sobrinho de Ademir e líder indígena exigiu a apuração do envolvimento dos servidores da Funai, Fernando Marques e Ambrósio da Silva. De acordo com Lourival, as desavenças entre os servidores e a comunidade ocasionaram o conflito que resultou na morte de Ademir e do indígena Ferraz.
Depois das mortes o caso na Terra Indígena Kadiwéu se agravou.
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