Faesc reclama da falta de solidariedade com famílias rurais invadidas por indígenas e sem-tetos
Por quê a invasão de sem-tetos e indígenas em terreno urbano, localizado às margens da rodovia SC-401, na Vargem Pequena, no norte da Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, foi alvo da indignação geral e do repúdio das instituições da sociedade civil, enquanto as invasões de indígenas e sem-terras às propriedades rurais produtivas da zona rural catarinense permanecem ignoradas?
A indagação, em tom de desabafo, é do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.
Assinala que as invasões no campo geram uma “agonia sem fim” para centenas de famílias rurais cujas propriedades foram esbulhadas ou estão sob ameaça de invasão por grupos que se denominam indígenas. Apesar da importância das famílias rurais na produção de alimentos, a população urbana tem dificuldade em se solidarizar e apoiá-las.
O dirigente desabafa: “O produtor rural brasileiro gera o melhor e mais barato alimento do mundo. Foi esse trabalhador que, no ano passado, salvou a economia brasileira ao sustentar quase 100 bilhões de reais em exportações. Mesmo assim, quando sofre a injustiça das invasões em terras produtivas, a família rural sempre fica sozinha.”
O presidente da Faesc lembra que o grande oeste catarinense vive clima de tensão há vários anos, quando o governo federal decidiu criar novas áreas indígenas em Saudades e Abelardo Luz e ampliar as de Ipuaçu e Seara, colocando mais de 500 famílias em desespero e milhares de outras em alerta por se localizarem nas proximidades de áreas mapeadas por ONGs para transformação em reservas indígenas.
O episódio mais recente é a tentativa de criação de uma nova área indígena em Linha Gamelão, distrito de Marechal Bormann, em Chapecó. As famílias atingidas têm a posse pacífica e a titulação da propriedade das terras há mais de 70 anos. Uma ONG chamada Arpinsul e a Funai estariam propondo a criação de mais uma reserva indígena em Chapecó com 28.000 hectares de área, o que equivaleria a 37% do território do município.
Pedrozo lembrou que a Faesc pede há quinze anos que o Ministério da Justiça priorize a solução dos conflitos de terras entre produtores rurais e indígenas no Oeste para recuperar a paz e a tranquilidade de centenas de famílias.
A história da economia rural catarinense está repleta de casos de famílias rurais, possuidoras e proprietárias de imóveis rurais adquiridos de forma legal e legítima há várias gerações que perdem – injustamente – seu patrimônio em ações perpetradas pela Fundação Nacional do Índio (Funai). “Nunca, nesses casos, houve solidariedade da sociedade urbana, apenas das entidades do agronegócio”, reclama.
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