Bovespa recua 2,31% e dólar crava R$ 1,85 em dia de pânico na Europa
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve alguns dos seus piores "solavancos" do ano na rodada de negócios desta quinta-feira. O nervosismo generalizada com a crise grega, e a perspectiva de "contágio" para os demais países da zona do euro, levou os investidores a venda generalizada dos ativos de maior risco, liquidando posições em euro e em ações para correr ao "porto seguro" dos "treasuries" (títulos do Tesouro americano).
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retraiu 2,31% no fechamento, batendo os 63.414 pontos. No momento de maior nervosismo do dia, no entanto, a Bolsa chegou a amargar perdas de 6,38%.
O giro financeiro foi de R$ 10,635 bilhões, bem acima da média dos R$ 7 bilhões/dia da Bolsa brasileira.
"Houve um enorme movimento de aversão ao risco hoje. O mercado acredita que o dinheiro [do pacote UE-FMI] não será suficiente para resolver a situação da Grécia. A situação lá fora está sem perspectiva de uma solução de curto prazo. E além da Grécia, Portugal e Espanha, já se fala em problemas na Itália, na Irlanda", comenta Mário Paiva, analista da corretora BGC Liquidez.
Nos EUA, o índice Dow Jones (Bolsa de Nova York) cedeu 3,44% ao final dos negócios, mas no "fundo do poço", chegou a mostrar retração em torno de 9%.
O dólar comercial, que encostou em R$ 1,90 no decorrer do dia, foi cotado por R$ 1,851 no fechamento, em alta de 2,94%, sua maior variação desde janeiro de 2009. "Nós vimos hoje uma zeragem geral de posições, que pode continuar amanhã. Acho que muita gente ainda ficou de fora e pode zerar também suas aplicações na sexta. Nós podemos ter mais dias voláteis", acrescenta.
O parlamento grego aprovou nesta quinta-feira o rigoroso plano de austeridade fiscal, que prevê cortes de gastos públicos e foi alvo de manifestações populares ontem e hoje no país mediterrâneo.
Os agentes financeiros, no entanto, receiam as enormes dificuldades para a Grécia implementar um plano desse rigor, justamente num momento que esse país conta os dias para o vencimento de 8,5 bilhões de euros em dívidas. O primeiro-ministro George Papandreou já admitiu que o governo precisa dos recursos do FMI para evitar um "default" no curto prazo.
Nas mesas de operações de bancos e corretoras, além de Grécia também se comentou a situação de Portugal e Espanha. Outros ainda citaram Irlanda e Itália no rol das economias que poderiam proporcionar novos "sustos" para o mercado financeiro.
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