Bovespa fecha em leve queda de 0,04%; investidor opta pela cautela
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou o pregão desta quinta-feira praticamente estável, sem que os investidores se animassem a assumir riscos com o quadro ainda nebuloso da Grécia, uma preocupação recorrente no mercado mundial. Analistas também apontaram a falta de um informações mais sólidas para fundamentar novas apostas.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, teve baixa de 0,04% no fechamento, aos 69.697 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,65 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,42%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,789, em alta de 1,35%. A taxa de risco-país marca 190 pontos, praticamente estável sobre a pontuação anterior.
"Houve um certo descontentamento no mercado. A decisão do Copom veio um pouco divergente do que os indicadores [econômicos] estavam mostrando. Acho que muitos esperavam pelo menos um aumento de 0,25 ponto [percentual]. O resultado fez com que os bancos revertessem algumas posições que vinham trabalhando", comenta José Carlos Benites, gerente da corretora de câmbio Moeda.
Ontem à noite, o Banco Central brasileiro decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 8,75% ao ano. Alguns analistas esperavam um ajuste já neste mês, para 9% ou 9,25%, embora a maioria do mercado já apostasse na manutenção.
Ganhou força, portanto, a corrente do mercado que aguardava uma elevação da taxa Selic para abril, provavelmente para 9,25%, ou até mais, segundo alguns economistas. A perspectivas de juros muito altos também pode ter influenciado o humor dos investidores na jornada de hoje.
O governo grego pediu hoje que a comunidade europeia aprove algum mecanismo de ajuda ainda neste mês. Além disso, o primeiro-ministro George Papandreou afirmou que seu país pode recorrer ao Fundo Monetário Internacional.
Embora haja ceticismo entre os analistas sobre a possibilidade do país mediterrâneo "quebrar", a delicada situação financeira dessa nação renova temores sobre a estabilidade financeira da região, com a perspectiva de "contágio" das demais economias também fragilizadas, como Portugal e Espanha.
Nesse quadro nebuloso, operadores já notam a saída de uma parcela dos investidores, após um período de otimismo inicial com o retorno do capital estrangeiro.
"Parece que o mercado está trabalhando em compasso de espera, aguardando notícias mais sólidas sobre a Grécia, a capitalização da Petrobras. Eu acho que tem muita gente 'zerando posição' [vendendo ações em carteira] e optando por ficar de fora", avalia Fábio Prandini, da mesa de operações da corretora Elite.
EUA e inflação
Entre as principais notícias do dia, o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que a inflação ao consumidor ficou praticamente estável em fevereiro, após alta de 0,2% em janeiro. Economistas do setor financeiro esperavam um aumento de 0,1%. O mesmo órgão indicou uma queda na demanda dos trabalhadores pelo auxílio-desemprego. O montante de pedidos iniciais desse benefício caiu para 457 mil.
Ainda nos EUA, o Departamento de Comércio divulgou que o deficit em conta corrente bateu nos US$ 115,6 bilhões no quarto trimestre de 2009, número abaixo das expectativas (US$ 119 bilhões).
No front doméstico, a FGV apontou uma inflação de 1,10% em março, ante 1,08% em fevereiro, pela leitura do IGP-10. Em 2009 o índice acumulou queda de 1,68%.
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