Bovespa avança 0,69% no fechamento e encosta nos 70 mil pontos
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve o seu sexto dia de ganhos, em oito dias úteis do mês, na jornada desta quarta-feira, quase encerrando o dia no patamar dos 70 mil pontos, um nível de preços perdido desde a primeira quinzena de janeiro. Os investidores estrangeiros continuam a puxar a recuperação do mercado brasileiro de ações.
Até o pregão do dia 8, a Bovespa registrou um saldo positivo (compras de ações superiores às vendas) de R$ 1,48 bilhão em investimentos estrangeiros. No primeiro bimestre, esse mesmo indicador foi negativo em mais de R$ 3 bilhões.
O Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, avançou 0,69% no fechamento, aos 69.979 pontos. O giro financeiro deste pregão --R$ 8,16 bilhões- continua bem acima da média (R$ 6,5 bilhões/dia, em fevereiro). Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de somente 0,03%.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,773, em um declínio de 0,50%. A taxa de risco-país marca 185 pontos, número 1,06% abaixo da pontuação anterior.
O retorno dos estrangeiros à Bolsa brasileira é o combustível da recuperação recente dos preços das ações, com foco nas ações mais visíveis do mercado doméstico --os papéis da Petrobras e Vale-- que juntos responderam por mais de 30% dos negócios realizados hoje.
Enquanto o papel da mineradora Vale é favorecido pela expectativa de reajustes nos preços do minério de ferro, a ação da estatal petrolífera é alvo de uma "correção" de preços. Há seis meses, o valor desse papel era bastante semelhante à cotação da Vale. A evolução dos preços foi travada, no entanto, pela preocupação de agentes do mercado com o processo de capitalização (ainda em processo de definição) da Petrobras.
Ontem, a procura pelos papéis da estatal por uma grande corretora estrangeira --segundo operadores detonou uma corrida pela ação, que continuou menor escala no pregão desta quarta.
Neste pregão, a ação preferencial da petrolífera valorizou 1,36% e movimentou R$ 1,18 bilhão em negócios. A ação ordinária girou outros R$ 236 milhões, subindo 1,32%.
A ação preferencial da Vale, no entanto, teve perdas de 1,27%, com um volume de negócios contabilizado de R$ 1,02 bilhão.
Profissionais de mercado consideram que a Bolsa brasileira ainda tem mais "gás" para subir. Por enquanto, há uma relativa tranquilidade sobre a situação da zona do euro, pontuada por certo nervosismo em relação às economias da Grécia, Portugal e Espanha, e até mesmo do Reino Unido. Analistas destacam que virá da economia europeia os principais focos de volatilidade do mercado financeiro nos próximos meses.
Os EUA mostram sinais de recuperação, embora a passo lento. E a China continua em franco crescimento, favorecendo o mercado internacional de commodities, o que costuma favorecer a Bolsa brasileira, dado o peso das empresas baseadas em matérias-primas. Esse foi o aspecto destacado em relatório divulgado hoje pela corretora Planner, que aposta na continuidade do movimento de alta da Bovespa.
"Do ponto de vista dos fundamentos do mercado, os próximos meses também são sazonalmente altistas para as commodities. A perspectiva de aumento da demanda do petróleo, com a elevação das temperaturas no hemisfério norte, e as especulações em torno do plantio da nova safra de grãos dos EUA criam um cenário favorável para a elevação dos preços", considera a equipe de analistas da corretora.
EUA, China e Europa
O mercado amanheceu sob impacto das notícias da economia asiática. A China informou um superavit comercial de US$ 7,61 bilhões em fevereiro, os US$ 4,84 bilhões registrados no mesmo mês de 2009, puxado pelo bom desempenho das exportações.
Algumas das principais economias europeias forneceram notícias não muito animadores, e alguns indicadores dos EUA frustaram as expectativas do mercado. Na Alemanha, o superavit comercial (exportações menos importações) encolheu entre os meses de dezembro e janeiro; no Reino Unido, a produção industrial teve um desempenho pior do que o esperado pelo mercado para o mês de janeiro.
Nos EUA, volume de estoques do setor atacadista caiu 0,2% em janeiro, após uma queda de 1% em dezembro, quando muitos economistas já contavam com algum aumento neste período, refletindo o incremento das vendas do setor varejista.
E no front doméstico, os indicadores reforçaram o quadro visto nas semanas anteriores, apontando recuperação do setor industrial e índices de preços em alta. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou crescimento da produção industrial em 13 das 14 regiões pesquisadas em janeiro (sobre dezembro). Na média nacional, a indústria apresentou avanço de 1,1% na mesma base de comparação.
E a FGV (Fundação Getulio Vargas) apontou inflação de 0,95% no início de março, pela leitura do IGP-M, em sua primeira estimativa do mês. Um mês antes, o mesmo índice teve variação de 0,98%. Nesta semana, todos os índices de preços já divulgados mostraram aceleração dos preços.
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