Dólar recua na esteira de apetite por risco no exterior após comentários de Trump
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista recuava ante o real nesta quarta-feira, afetado por um movimento global de apetite por risco, à medida que os investidores digeriam um recuo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seus ataques ao chair do Federal Reserve, e com a expectativa de alívio nas tensões comerciais com a China.
Às 9h36, o dólar à vista caía 0,87%, a R$5,6773 na venda
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,57%, a R$5,695 na venda.
Os ganhos da moeda brasileira ocorriam na esteira do avanço de uma série de ativos arriscados, como futuros de Wall Street, ações na Europa e na Ásia e moedas de países emergentes, incluindo altas para o peso mexicano e o peso chileno.
Por trás do apetite por risco nesta sessão estavam comentários de Trump, que recuou em suas críticas ao chefe do Fed, Jerome Powell, e sugeriu que os EUA podem alcançar um acordo comercial com a China, aliviando a guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo.
Nos últimos dias, os mercados de ações e os ativos dos EUA no geral sofreram com as ameaças de Trump de demitir Powell devido a sua insatisfação com o patamar da taxa de juros do banco central norte-americano, elevando preocupações dos investidores com a independência da autoridade monetária.
Na terça-feira, Trump afirmou que não deseja demitir Powell, mas reforçou o desejo de que a taxa de juros seja reduzida pelo Fed a fim de evitar uma desaceleração da economia dos EUA.
Ainda na véspera, Trump e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, sinalizaram separadamente que pode haver um alívio nas tensões comerciais com a China, com o presidente indicando que um acordo pode reduzir as atuais tarifas "substancialmente".
Analistas temem que uma continuação das disputas comerciais entre China e EUA possa levar a uma recessão em diversos países ao redor do mundo.
"Hoje o dia promete ser de propensão ao risco... Temos um bom dia no início de pregão na Europa e na Ásia. Esse sentimento deve servir de suporte para os ativos domésticos", disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Ao contrário do movimento em mercados de ações, as críticas de Trump a Powell também favoreceram o real na terça-feira, uma vez que a fuga de ativos dos EUA, como o dólar, beneficiaram outras divisas de forma ampla, com o apetite por risco estendendo os ganhos neste pregão.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,43%, a 99,140.
Na cena doméstica, o mercado nacional volta as atenções para comentários de autoridades pela manhã, incluindo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David.
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