Ações dos EUA caem com escalada da guerra comercial com China; UE suspende contramedidas
Por Philip Blenkinsop e Joe Cash e Andrea Shalal
BRUXELAS/PEQUIM/WASHINGTON (Reuters) - Os mercados acionários dos Estados Unidos caíam nesta quinta-feira, devolvendo parte dos enormes ganhos que se seguiram à decisão do presidente Donald Trump na véspera de reduzir temporariamente suas tarifas sobre dezenas de países, com os investidores avaliando a situação da sua guerra comercial global.
O índice S&P 500 caía 5,2% na tarde desta quinta-feira, enquanto o Nasdaq recuava 6,1% e o Dow Jones Industrial Average tinha queda de 4,5%.
A União Europeia disse que fará uma pausa em suas primeiras contratarifas, e mais de uma dúzia de países fizeram ofertas aos Estados Unidos, de acordo com o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett.
A decisão repentina de Trump na quarta-feira de congelar a maioria de suas novas e pesadas tarifas por 90 dias trouxe alívio para os mercados e para os líderes globais, mesmo quando ele intensificou a guerra comercial com a China.
No entanto, a abordagem de Trump ainda deixa as empresas preocupadas com as possíveis consequências e com dificuldades para se preparar para o que pode acontecer em três meses.
Sua reviravolta, menos de 24 horas após o início das tarifas, ocorreu após o episódio mais intenso de volatilidade do mercado financeiro desde os primeiros dias da pandemia de Covid-19.
A UE iria lançar contratarifas sobre cerca de 21 bilhões de euros de importações dos EUA na próxima terça-feira em resposta às tarifas de 25% de Trump sobre aço e alumínio. O bloco ainda avalia como responder às tarifas de automóveis dos EUA e às taxas mais amplas de 10% que permanecem em vigor.
"Queremos dar uma chance às negociações", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no X.
Mas ela alertou que as contratarifas podem ser restabelecidas se as negociações "não forem satisfatórias".
O governo Trump está perto de chegar a acordos com alguns países, disse Hassett a repórteres na Casa Branca nesta quinta-feira.
"O USTR nos informou que há talvez 15 países que já fizeram ofertas explícitas que estamos estudando e avaliando e decidindo se são boas o suficiente para apresentar ao presidente", acrescentou Hassett, referindo-se ao Escritório do Representante Comercial dos EUA.
A queda das ações nesta sessão ocorreu apesar de dados dos EUA mostrarem que os preços ao consumidor caíram inesperadamente em março. Mas é improvável que a melhora na inflação persista se as tarifas sobre os produtos chineses continuarem em vigor.
Trump manteve a pressão sobre a China, a segunda economia do mundo e o segundo maior fornecedor de importações dos EUA, aumentando as tarifas sobre as importações chinesas para 125%, em comparação com o nível de 104% que entrou em vigor na quarta-feira.
A Casa Branca disse à CNBC nesta quinta-feira que isso eleva a taxa geral das novas tarifas impostas por Trump à China para efetivamente 145%, quando se leva em conta as tarifas de 20% que Trump adotou mais cedo neste ano devido a preocupações com o fentanil. Além disso, tudo o que ele impôs desde que retornou à Casa Branca este ano também se soma a outras tarifas que Trump implementou durante seu primeiro mandato.
Antes da reviravolta de Trump, a turbulência havia apagado trilhões de dólares dos mercados de ações, gerado temores de recessão e levado a um aumento inquietante nos rendimentos dos títulos do governo dos EUA, o que pareceu chamar a atenção de Trump.
Clay Lowery, ex-funcionário sênior do Tesouro e vice-presidente executivo do Instituto de Finanças Internacionais, disse que a reversão de Trump reflete a preocupação de que os investidores estejam retirando ativos do mercado de ações e dos Treasuries.
"O rendimento dos Treasuries de 10 anos estava subindo e subindo vertiginosamente", disse ele. "Esse foi o evento catalisador. Ter volatilidade nos mercados, ok, mas não estamos tentando criar uma crise financeira ou um problema de estabilidade financeira aqui."
GUERRA COMERCIAL COM A CHINA
A China rejeitou o que chamou de ameaças e chantagens de Washington.
O país seguirá até o fim se os EUA persistirem, disse o porta-voz do Ministério do Comércio, He Yongqian, em uma coletiva de imprensa regular. A porta da China está aberta para o diálogo, mas ele deve se basear no respeito mútuo, disse o ministério.
Pequim pode novamente responder da mesma forma, depois de já ter imposto tarifas de 84% sobre as importações dos EUA na quarta-feira.
Trump, que afirma que as tarifas têm como objetivo corrigir os desequilíbrios comerciais dos EUA, disse que uma solução com a China também é possível. Mas autoridades afirmaram que priorizarão as negociações com outros países, já que o Vietnã, o Japão, a Coreia do Sul e outros se alinham para tentar chegar a um acordo.
A pausa tarifária dos EUA não se aplica às tarifas pagas pelo Canadá e pelo México, porque seus produtos ainda estão sujeitos a tarifas de 25% relacionadas ao fentanil, a menos que estejam em conformidade com as regras de origem do acordo comercial entre EUA, México e Canadá.
(Texto de Ingrid Melander, John Geddie e Joseph Ax)
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