Tarifas dos EUA podem acelerar implementação de acordo Mercosul-UE, diz presidente da ApexBrasil
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) -O anúncio de novas tarifas de importação pelos Estados Unidos pode acelerar o processo de implementação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, avaliou nesta quinta-feira o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana.
“Nós já ouvimos e vimos manifestações de líderes europeus que dizem que vão acelerar o processo de validação do acordo Mercosul União Europeia”, disse Viana, em entrevista à imprensa.
Em dezembro de 2024, Mercosul e União Europeia fecharam o acordo de livre comércio negociado há 25 anos, mas há um longo processo para transformá-lo em realidade. O texto precisa ser legalizado, traduzido e depois aprovado pelos países-membros dos blocos, e pode até ser bloqueado, sendo a França o oponente mais feroz.
Nesta quinta, porém, apesar das reservas anteriores, a França realizou uma reunião com 10 países da UE para discutir o acordo comercial com o Mercosul, sinalizando que essa pode ser uma forma de o bloco europeu compensar o impacto das tarifas dos EUA sobre suas exportações.
Na entrevista, Viana também afirmou que não consegue enxergar vantagens geradas pelas novas tarifas “quando o mundo pode piorar sua relação comercial”, acrescentando que o Brasil está trabalhando para diversificar mercados.
“Acho que na incerteza o Brasil pode ter mais investimento do que tem, mas eu não estou querendo trabalhar a tese do tirar proveito, tirar benefício, porque um mundo inseguro, o mundo em conflito é ruim para todo mundo”, afirmou.
“Vai ser ruim para todos, independentemente de você ganhar mais aqui ou perder ali.”
Viana elogiou a aprovação pelo Congresso Nacional do projeto que estabelece critérios para reação do Brasil a barreiras e imposições comerciais de nações ou blocos econômicos contra produtos nacionais.
Ele, no entanto, afirmou que a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva “tem sido a mais correta”, de ter cautela e buscar diálogo antes da adoção de qualquer contramedida. Acrescentou ainda que os negociadores do governo têm trabalhado para evitar “medidas mais extremas”.
O presidente da Apex defendeu que antes de avaliar iniciativas em resposta às tarifas, o Brasil aguarde a efetiva implementação das cobranças pelos Estados Unidos.
(Edição de Pedro Fonseca)
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