O pequeno idiota latino-americano
A Folha de S. Paulo de ontem, 02.02.2009, publicou um espantoso artigo de Luiz Carlos Bresser Pereira, professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (*) e ex-ministro da Fazenda do governo do ex-presidente José Sarney, que assumiu o Ministério em abril de 1987, em meio à crise provocada pelo fracasso do Plano Cruzado, e com a inflação em alta. Um mês após a sua posse a inflação atingiu o índice de 23,21%. O grande problema era o déficit público, pelo qual o governo gastava mais do arrecadava, sendo que nos primeiros quatro meses de 1987, já se havia acumulado um déficit projetado de 7,2% do PIB. Então, em junho de 1987, foi apresentado um plano econômico de emergência, o Plano Bresser, onde se instituiu o congelamento dos preços, dos aluguéis, dos salários e a UPR como referência monetária para o reajuste de preços e salários. Congelamento de preços é a mais estúpida das políticas econômicas que existem, pois desde a mais remota antiguidade foi tentado, resultando sempre em desabastecimento.
Mesmo com todas essas medidas a inflação atingiu o índice alarmante de 366% em dezembro de 1987. O Ministro Bresser Pereira, tendo fracassado por completo com mais um plano heterodoxo e atabalhoado, demitiu-se do Ministério da Fazenda em 6 de janeiro de 1988 e foi substituído por Maílson da Nóbrega.
Como disse Delfim Nettoem época posterior, embora não se referisse a Bresser, “quem não sabe fazer, ensina”. Bresser Pereira é um socialista de carteirinha e ainda pensa que o Muro de Berlim continua separando as duas Alemanhas, a capitalista e a comunista. Em seu artigo de ontem, ‘O pequeno herói’, ele disse “Estou hoje convencido de que há um pequeno e admirável herói na política mundial: o presidente Evo Morales.” Segurei-me para não cair da cadeira ao ler este inacreditável disparate.
Ainda ontem li no ‘O Estado de S. Paulo’ de sábado o artigo “Estragos de um presidente ignorante”, do jornalista Mauro Chaves, onde se lê: “As consequências de um presidente ignorante exercer o supremo comando de uma nação por dois mandatos consecutivos - ou pelo longo período de oito anos - são, realmente, catastróficas. Entenda-se, porém, que nem sempre o volume dessa “herança de desinformação social” - forma como poderíamos designar o acervo geral de desentendimentos governamentais - é corretamente avaliado, seja quanto a sua intensidade ou durabilidade. Ou seja, nem sempre os efeitos dos atos ou omissões de um chefe de Estado e governo ignorante são perceptíveis de imediato - mas podem se estender por gerações. (...) Continua o autor adiante:
“ É que a falta de conhecimento básico, geralmente acoplada a crenças rudimentares, faz com que governantes se tornem verdadeiras esponjas, prontas a absorver, indiscriminadamente, os pleitos dos lobbies de todos os gêneros. Então as decisões ou não-decisões governamentais derivam de pressões descontroladas de grupos de interesse de múltipla espécie, dada a inexistência de um filtro intelectual, provido da necessária massa crítica, que possa selecionar o que, de fato, seja a favor ou contra o verdadeiro interesse da coletividade.”
Quem acompanhao cenário político latino-americano, sabe que Evo Morales tem sido um boneco teleguiado por controle remoto do ditador apalhaçado Hugo Chavez, e faz o que ele manda, procurando seguir-lhe os passos, inclusive na mudança da constituição da Bolívia para se perpetuar no poder, tal como seu chefe venezuelano fez e agora pode se reeleger até a sua morte. Foi por ordem de Chavez que Morales nacionalizou a refinaria da Petrobras na Bolívia e Lula aceitou sem problema, o que comprova a harmonia que há entre esses governantes, conforme previsto no Foro de São Paulo, fundado por Lula e Fidel Castro em 1990, cujo lema é: Recuperaremos na América Latina o que foi perdido na Europa Oriental (leia-se, o comunismo).
Bresser Pereira termina seu artigo dizendo: “Morales teve também a coragem de nacionalizar a exploração e o refino de petróleo—o que causou a ira de nossas elites, que, de repente, tornaram-se nacionalistas. Felizmente, o presidente Lula as ignorou. (E o prejuízo arcado pelo povo brasileiro, quem paga?) “Mas o nosso pequeno Galahad enfrentará ainda muitos obstáculos. O graal não existe a não ser para os heróis.” Quer dizer, BresserPereira apoia e aplaude as mais primárias ditaduras populistas que estão fazendo a América Latina regredir ao passado não distante, que era, e volta agora a ser, a vanguarda do atraso. A esperança é que com a queda vertiginosa dos preços do petróleo, o caudilho populista Hugo Chavez não tem mais recursos para montar seus países satélites da Venezuela como vinha fazendo. E, sem a menor dúvida, Bresser Pereira faz jus a ser incluído no ‘Manual do Perfeito Idiota Latino Americano’, de Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Alvaro Vargas Llosa (Editora Bertrand Brasil/ Instituto Liberal), mas como ‘O pequeno idiota Latino Americano’, já que é admirador do “Pequeno herói” Evo Morales.
Fonte: Álvaro Pedreira de Cerqueira
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