IPCA fecha 2024 com alta de 4,83% e volta a estourar teto da meta sob peso de alimentos e gasolina
Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A inflação no Brasil voltou a estourar o teto da meta em 2024 depois de ter ficado dentro da faixa alvo no ano anterior, pressionada principalmente por alimentos e gasolina.
É com o atual cenário de inflação elevada e expectativas desancoradas que Gabriel Galípolo inicia sua gestão como novo presidente do Banco Central, com a autoridade monetária já em compasso de aperto monetário.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve em dezembro alta de 0,52%, depois de ter subido 0,39% em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
Com isso o índice utilizado para a meta oficial de inflação encerrou 2024 com alta acumulada de 4,83%, acima do teto do objetivo de 4,5% -- meta central de 3,0% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de alta de 0,57% no mês, acumulando em 12 meses avanço de 4,88%.
Desde que o regime de metas de inflação foi adotado no Brasil em 1999, essa é a oitava vez que o objetivo foi descumprido, depois de 2022, 2021, 2017, 2015, 2003, 2002 e 2001.
Assim, o Banco Central terá que explicar ao governo os motivos de o objetivo não ter sido cumprido, e já prevê a chance de repetir a investida em julho diante das suas atuais projeções para os preços ao consumidor.
Isso porque a partir de 2025 será adotada uma meta contínua de inflação, prevendo que o BC deverá se explicar ao governo se o alvo for descumprido por seis meses consecutivos. Além das causas e medidas necessárias para assegurar a convergência da inflação para dentro dos limites da meta, o BC terá que estipular também o prazo esperado para que essas ações produzam efeito.
O BC intensificou o ritmo de aperto nos juros no final do ano passado ao elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano. E ainda previu mais duas altas da mesma magnitude à frente, após citar risco de piora da dinâmica inflacionária a partir do anúncio de medidas fiscais do governo.
A autoridade monetária volta a se reunir em 28 e 29 de janeiro, em um cenário não apenas de crescimento forte da atividade e mercado de trabalho aquecido que marcaram 2024, mas também de forte depreciação cambial, com as expectativas de inflação desancoradas.
PRESSÕES
No ano passado, o grupo com maior impacto na inflação foi o de Alimentação e Bebidas, com alta de 7,69% no período depois de subir 1,18% em dezembro.
Também tiveram impactos significativos as altas de 6,09% de Saúde e cuidados pessoais, após avanço de 0,38% em dezembro, e de 3,30% de Transportes, que subiram 0,67% no último mês do ano. Esses três grupos responderam por cerca de 65% da inflação de 2024, segundo o IBGE.
Já entre os impactos individuais, o maior peso coube à gasolina, que acumulou alta de 9,71% após os preços avançarem 0,54% em dezembro. Na sequência pesaram mais plano de saúde, que subiu 7,87% em 12 meses, e refeição fora do domicílio, com alta de 5,70% no ano.
“O índice foi puxado pela alta dos itens alimentícios, que sofreram influência de condições climáticas adversas em vários períodos do ano e em diferentes localidades do país. Além disso, assim como em 2023, a gasolina foi responsável pela maior contribuição no indicador em 2024”, disse Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.
Por outro lado, subitens com preços mais voláteis ajudaram a segurar a alta do IPCA, como as passagens aéreas, que acumularam queda de 22,2% no ano passado. Em dezembro, a alta dos preços desse item desacelerou a 4,54%, de 22,65% em novembro.
A inflação de serviços foi fonte de preocupação ao longo de 2024, em meio não só ao aquecimento do mercado de trabalho como também da elevação da renda. No ano, houve alta de 4,78%, com os serviços avançando 0,66% em dezembro.
O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, disparou em dezembro a 69%, de 58% no mês anterior.
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