IPCA-15 sobe mais do que o esperado em novembro sob peso de alimentos

Publicado em 26/11/2024 09:41 e atualizado em 26/11/2024 11:59

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Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O IPCA-15 subiu mais do que o esperado em novembro uma vez que o aumento dos preços de alimentos compensou a moderação nos custos da energia elétrica, deixando a taxa em 12 meses acima do teto da meta.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,62% em novembro, de uma alta de 0,54% em outubro, mostraram os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nos 12 meses até novembro, o avanço do IPCA-15 chegou a 4,77%, de 4,47% no mês anterior, superando o teto da meta para a inflação em 2024, que é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

A taxa em 12 meses é a mais elevada desde novembro de 2023 (4,84%) e não superava 4,5% desde dezembro do ano passado.

Os resultados também ficaram bem acima das expectativas em pesquisa da Reuters, de altas de 0,48% e 4,62% respectivamente no mês e em 12 meses.

"O IPCA-15 de novembro reforça a tendência de piora da inflação das últimas leituras, que, por sua vez, se deve a fatores voláteis", avaliou André Valério, economista sênior do Inter.

O destaque em novembro foi a alta de 1,34% de Alimentação e bebidas, marcando a maior variação e o maior impacto positivo no índice e uma aceleração ante o avanço de 0,87% em outubro.

O aumento dos preços da alimentação no domicílio acelerou de 0,95% para 1,65% em novembro, sob peso de óleo de soja (8,38%), tomate (8,15%) e carnes (7,54%).

Os preços de Despesas Pessoais subiram no mês 0,83%, influenciado principalmente pela alta de 4,97% do cigarro devido ao aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a partir de 1º de novembro.

Já os custos de Transportes tiveram alta de 0,82%, com aumento de 22,56% da passagem aérea pra registrar o maior impacto individual no IPCA-15 do mês.

Os custos do grupo Habitação subiram 0,22%, com a alta da energia elétrica residencial desacelerando de 5,29% em outubro para 0,13% em novembro. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária para novembro seria amarela, de custo menor, devido a uma melhora das condições de geração de energia no país.

Com a inflação e a desancoragem das expectativas como importante ponto de preocupação, o Banco Central acelerou o ritmo de aperto monetário e elevou a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual em novembro, a 11,25% ao ano.

Embora não tenha deixado claro o que fará na última reunião do ano, em dezembro, a pesquisa Focus realizada pelo BC com especialistas mostra expectativa de novo aumento de 0,5 ponto, levando a Selic a 11,75%.

Ainda no último levantamento, a projeção para a alta do IPCA este ano passou a 4,63%, indo a 4,34% em 2025.

"As expectativas para a inflação futura continuam sendo um dos principais desafios. Diante disso, do ponto de vista da política monetária, o Copom deve manter o ritmo e optar por uma alta de 0,50 ponto percentual na Selic na reunião de dezembro, com viés de alta", disse Igor Cadilhac, economista do PicPay.

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Fonte:
Reuters

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