Dólar sobe ante o real após decisão do Copom e na espera de medidas fiscais
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subia frente ao real nesta quinta-feira, com os investidores reagindo à decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na véspera de elevar a taxa Selic em 50 pontos-base, enquanto continuavam na espera do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo.
Às 9h37, o dólar à vista subia 0,59%, a 5,7110 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,46%, a 5,700 reais na venda.
Nesta sessão, investidores reagiam pela primeira vez à decisão do Copom na véspera, e após o fechamento do mercado, de elevar a taxa básica de juros em 50 pontos-base, para 11,25%, em movimento que já havia sido precificado pelo mercado e projetado por analistas consultados pela Reuters.
No comunicado, os membros do BC não indicaram seus próximos passos, mas defenderam que o governo adote medidas fiscais estruturais que gerem impactos para a política monetária, afirmando que a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado os preços de ativos e as expectativas.
Agentes financeiros seguem na espera de prometidas medidas de contenção de gastos pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na busca de garantir a sustentação do arcabouço fiscal. A incerteza sobre as medidas a serem adotadas tem gerado volatilidade no mercado de câmbio.
Na quarta-feira, comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ajudaram a aliviar a pressão sobre a moeda brasileira, com o dólar recuando 1,21%, a 5,6774 reais.
Ele afirmou que o governo terá na manhã desta quinta-feira uma reunião para fechar o pacote de medidas fiscais, ressaltando que ainda há dois "detalhes" a serem discutidos.
"O mercado vem aguardando ansioso o pacote do governo. Acredito que o governo ainda vai demorar para soltar isso, porque precisa que tenha um efeito significativo no mercado", disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
A curva de juros brasileira não tinha uma direção única, com as taxas de DIs de curto prazo mostrando leve alta, enquanto os vencimentos de longo prazo recuavam.
Devido aos fatores domésticos, o real caminhava na contramão de seus pares, uma vez que o dólar recuava no exterior ao ceder parte dos enormes ganhos acumulados na véspera, impulsionados pela vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,35%, a 104,740.
A percepção dos investidores e economistas é de que as promessas do republicano para a economia, como tarifas comerciais e cortes de impostos, serão inflacionárias, o que fará com que a taxa de juros permaneça alta, algo favorável para o dólar.
As atenções estarão voltadas nesta sessão para o anúncio da decisão de juros do Federal Reserve, em que se espera amplamente que os membros reduzam os custos dos empréstimos em 25 pontos-base.
Com o movimento completamente precificado, o foco estará na declaração de política monetária, em que os mercados analisarão possíveis comentários sobre a trajetória futura dos juros e alguma sinalização sobre como o banco central norte-americano enxerga o cenário econômico à frente com o retorno de Trump à Presidência.
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