Taxas de juros futuros prazos maiores caem, mas curtas seguem precificando alta da Selic
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - A curva a termo brasileira seguiu precificando nesta segunda-feira uma probabilidade superior a 90% de o Banco Central subir a Selic em setembro, com as taxas dos contratos de curtíssimo prazo encerrando a sessão próximas da estabilidade, enquanto as de prazos maiores cederam, em um dia de variações contidas no mercado de Treasuries.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo -- estava em 10,825%, praticamente estável ante os 10,823% do ajuste anterior.
Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,425%, ante 11,482% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,395%, ante 11,467%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,55%, ante 11,575%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,54%, ante 11,554%.
O movimento dos DIs nesta segunda-feira foi semelhante ao visto na sexta, quando as taxas a partir de janeiro de 2026 cederam na esteira de declarações do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, em defesa do início dos cortes de juros nos Estados Unidos. E assim como na sexta, a taxa do DI para janeiro de 2025 não se afastou da estabilidade, com investidores posicionados para a alta da taxa básica Selic em setembro.
Isso ocorreu ainda que no início do dia o aumento das tensões no Oriente Médio, após o Hezbollah lançar centenas de foguetes e drones contra Israel no domingo, sugerisse alguma cautela nos mercados.
“Tivemos um recrudescimento das tensões no Oriente Médio, mas isso não impactou tanto o apetite ao risco -- pelo menos não por enquanto. A percepção é de que as declarações de Powell na sexta continuaram embasando os negócios”, avaliou durante a tarde o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado. “Lá fora a curva ficou praticamente flat (plana) e aqui ela fecha marginalmente”, acrescentou.
Pela manhã, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou a afirmar que “todas as alternativas estão na mesa” para a política monetária.
Em evento do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, em Teresina, Galípolo disse que o crescimento da demanda por bens e serviços não pode acontecer de maneira desordenada e com falta de sincronia em relação à oferta, o que afetaria a inflação.
"A função do BC é ser mais cauteloso em função desses dados que podem estar sinalizando uma economia que me parece estar em um estágio distinto da economia norte-americana, que passou a dar sinais de moderação, enquanto aqui a gente vem assistindo um cenário de resiliência maior da atividade", disse.
Mais cedo, o relatório Focus mostrou justamente um aumento da projeção de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, de 2,23% para 2,43%, enquanto as projeções de inflação seguem desancoradas. A projeção de inflação em 2024 foi de 4,22% para 4,25% e em 2025 de 3,91% para 3,93%.
Neste cenário, perto do fechamento a curva a termo brasileira precificava 93% de probabilidade de alta de 25 pontos-base da Selic em setembro e 7% de chances de manutenção em 10,50% ao ano. Na sexta-feira as apostas estavam em 90% e 10%, respectivamente.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam próximos da estabilidade. Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 1 ponto-base, a 3,818%.
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