Dólar salta ao maior valor desde dezembro de 2021 influenciado por exterior e Copom

Publicado em 01/08/2024 17:11 e atualizado em 01/08/2024 18:13

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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar continuou o movimento mais recente de alta ante o real, fechando a quinta-feira na maior cotação desde dezembro de 2021, acima dos 5,70 reais, em um dia de aversão a ativos de risco em todo o mundo e de reação do mercado doméstico a sinalizações dadas na véspera pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,7364 reais na venda, em alta de 1,43%. Esta é a maior cotação de fechamento desde 21 de dezembro de 2021, no terceiro ano do governo de Jair Bolsonaro, quando encerrou a 5,7394 reais. Em 2024, o dólar acumula valorização de 18,24%.

Às 17h20, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,42%, a 5,7545 reais na venda.

A quinta-feira foi marcada pela aversão dos investidores a ativos de maior risco, como o real brasileiro, o peso chileno, o peso mexicano e ações listadas em bolsa, entre outros.

O dólar sustentou ganhos firmes ante a maior parte das demais divisas, em meio a receios de que a guerra entre Israel e Hamas se espalhe pelo Oriente Médio após o líder do Hamas Ismail Haniyeh ter sido assassinado na véspera em Teerã, capital do Irã.

Posteriormente, as Forças Armadas de Israel disseram que o chefe da ala militar do Hamas, Mohammed Deif, foi morto em um ataque aéreo em Gaza no mês passado.

No Brasil, o dólar chegou a ceder durante a manhã em alguns momentos, mas a pressão altista vinda do exterior acabou se sobrepondo. Depois das 11h o dólar iniciou uma escalada ante o real que colocou as cotações acima dos 5,70 reais durante a tarde.

“Depois do ataque no Irã, investidores passaram a buscar ativos de menor risco e mercados mais seguros que o nosso”, comentou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Isso deu força ao dólar.”

Outro fator externo de sustentação do dólar, na visão do diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, foram os dados decepcionantes do setor industrial chinês, um dos maiores compradores de commodities do Brasil.

“O PMI industrial da China veio com contração. Então há uma preocupação com a saúde da economia chinesa”, pontuou Rugik.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/S&P Global para o setor industrial caiu para 49,8 em julho -- abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração -- ante 51,8 no mês anterior. Foi a leitura mais baixa desde outubro do ano passado e ficou abaixo da previsão de 51,5 de analistas.

Apesar de a aversão ao risco ser global, o real era a moeda que mais se desvalorizava ante o dólar em todo o mundo. Isso porque o dólar também reagia ao comunicado do Copom na noite de quarta-feira, quando a taxa básica de juros foi mantida em 10,50%. O colegiado pediu cautela "ainda maior" na política monetária, avaliando também que a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem impactado preços de ativos e expectativas de mercado, mas não deu sinalizações claras sobre seus próximos passos.

"O movimento do dólar no Brasil está alinhado com o externo, mas está um pouco mais forte aqui em função de vários fatores", comentou durante a tarde o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.

Segundo ele, ainda que o Copom tenha indicado estar preocupado com os efeitos do câmbio e das expectativas sobre a inflação, o colegiado não demonstrou intenção de subir a taxa básica Selic nos próximos meses -- ainda em 2024 ou no início de 2025 -- como era esperado por parte do mercado. "Isso é negativo para o real no curto prazo", avaliou Machado.

A curva de juros brasileira também refletiu esta percepção nesta quinta-feira, com a queda das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de curto prazo.

Neste cenário, após marcar a mínima de 5,6330 reais (-0,40%) às 11h12, o dólar à vista atingiu a máxima de 5,7453 reais (+1,58%) às 15h59. A moeda fechou o dia muito próxima deste pico.

Às 17h19, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,33%, a 104,390.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.

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Fonte:
Reuters

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