Ibovespa fecha em queda com declínio de commodities e cautela antes de Fed e Copom
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, com as ações da Vale e da Petrobras respondendo pelas maiores pressões de baixa na esteira da queda do minério de ferro e do petróleo no exterior, em pregão também marcado por cautela antes de decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,64%, a 126.139,21 pontos, tendo marcado 126.950,76 pontos na máxima e 125.972,91 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou apenas 17 bilhões de reais.
Nos EUA, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve divulga comunicado sobre sua decisão de política monetária às 15h (horário de Brasília) e o chair do banco central norte-americano, Jerome Powell, fala com jornalistas na sequência, a partir das 15h30.
Não se espera mudança na taxa, que está na faixa de 5,25% a 5,50% desde julho do ano passado. Mas há expectativa quanto ao "statement" e aos comentários de Powell, principalmente eventuais sinais sobre os próximos passos, com o mercado apostando que o Fed começará a cortar os juros em setembro.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, por sua vez, divulga o comunicado com a sua decisão após o fechamento do mercado. Uma vez que também não há previsão de mudança na Selic, atualmente em 10,50%, o foco estará nas palavras do colegiado presidido por Roberto Campos Neto.
De acordo com o head de análises da Warren Investimentos, Frederico Nobre, a bolsa refletiu um movimento de realização de lucros combinado com a cautela prá-Copom e pré-Fomc, enquanto as commodities não ajudaram. "É uma certa aversão a risco, um movimento mais macro mesmo", pontuou.
Apesar da segunda queda seguida, o Ibovespa ainda acumula um ganho de 1,8% no mês.
A safra de balanços de empresas brasileiras também repercutiu no pregão, com Klabin na coluna positiva, enquanto CCR e Telefônica Brasil figuraram entre as quedas da sessão após a divulgação dos respectivos resultados no segundo trimestre do ano.
Na avaliação de Nobre, a temporada deve se intensificar na primeira e segunda semanas de agosto, e a partir da segunda quinzena do mês será possível ter uma visão mais ampla para entender os aspectos macro das divulgações do período.
DESTAQUES
- VALE ON recuou 2,21%, na esteira da queda dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou em baixa de 2,77%.
- PETROBRAS PN caiu 0,62%, diante do declínio do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou em baixa de 1,44%. A estatal também reportou na véspera que a sua produção de petróleo no Brasil cresceu 2,6% entre abril e junho ante igual período do ano passado.
- SÃO MARTINHO ON fechou em baixa de 4,41%, tendo como pano de fundo relatório de analistas da XP cortando a recomendação dos papéis para "neutra", citando que o mercado global de açúcar passa por incertezas significativas e que os preços do açúcar estão em uma tendência de baixa.
- LOJAS RENNER ON perdeu 3,55%, em dia de ajustes, após três altas seguidas, período em que a varejista de vestuário acumulou uma alta de quase 5%.
- USIMINAS PNA avançou 4,63%, em dia de recuperação após perder quase 27% no acumulado dos dois pregões anteriores na esteira da decepção com o balanço do segundo trimestre e preocupações sobre pressões de custos. No setor, CSN ON caiu 1,68% e GERDAU PN cedeu 0,5%.
- EMBRAER ON valorizou-se 4,26%, renovando máxima histórica de fechamento a 42,85 reais. Analistas do BTG Pactual reiteraram recomendação de "compra" para as ações, citando em relatório melhora do "momentum" de todas as divisões da empresa e tendência positiva para os lucros.
- MARFRIG ON encerrou em alta de 2,95%, com empresas de proteínas majoritariamente no azul, em meio a perspectivas favoráveis para os resultados de modo geral no segundo trimestre. JBS ON subiu 2,92% e MINERVA ON ganhou 1,77%. BRF ON fechou estável.
- 3R PETROLEUM ON subiu 1,52% tendo no radar a divulgação do balanço do segundo trimestre após o fechamento do mercado. Ainda no setor, PRIO ON fechou com decréscimo de 0,3% e PETRORECONCAVO ON ganhou 0,34%.
- KLABIN UNIT fechou com acréscimo de 0,78%, após reportar Ebitda ajustado de 2,05 bilhões de reais no segundo trimestre, crescimento de 53% na mesma comparação, com maiores vendas de papel e celulose e custo caixa total menor, superando previsões de analistas.
- CCR ON recuou 1,93%, tendo como pano de fundo resultado do segundo trimestre, mesmo com lucro líquido ajustado de 411 milhões de reais, mais que o dobro do resultado do mesmo período de 2023 e levemente acima do esperado pela média do mercado. O Ebitda ajustado cresceu 14,4%.
- TELEFÔNICA BRASIL ON cedeu 1,99%, após balanço do período de abril a junho, com alta de 8,9% no lucro líquido, a 1,22 bilhão de reais, um pouco abaixo do esperado no mercado. A Telefônica Brasil disse que está perto de conseguir uma licença de serviços financeiros junto ao Banco Central
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