Dólar acompanha exterior e volta a subir ante real
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Após o recuo da véspera, o dólar voltou a subir ante o real nesta terça-feira, se aproximando novamente nos 5,60 reais, com a moeda brasileira sendo penalizada pela fuga global de ativos de emergentes, enquanto no Brasil investidores seguem cautelosos quanto à política fiscal do governo.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,5875 reais na venda, em alta de 0,34%. Em julho, a divisa norte-americana acumula leve baixa de 0,06%.
Às 17h09, o dólar à vista subia 0,31%, a 5,5935 reais na venda.
Na véspera o dólar havia cedido ante o real, para abaixo dos 5,60 reais, em uma sessão favorável para as moedas de países emergentes como o Brasil.
Nesta terça-feira o cenário foi inverso, com moedas pares do real, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno, entre as maiores perdas globais.
Por trás do movimento estavam preocupações em torno da economia da China, um dos maiores compradores globais de matérias-primas. O minério de ferro -- produto importante da pauta exportadora brasileira -- atingiu o menor valor em três meses.
Neste cenário, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de 5,6073 reais (+0,69%) às 9h37, ainda na primeira hora de negócios. Após a moeda superar o nível técnico de 5,60 reais, porém, surgiu um fluxo de venda de dólares por parte de exportadores.
“O dólar abriu para cima, seguindo o exterior, mas passou por um ajuste técnico depois, com exportadores aproveitando para vender moeda. Além disso, o investidor fica um pouco inibido quando a cotação bate nos 5,60 reais e não monta tanto posição comprada (no sentido de alta da moeda)”, avaliou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.
Este movimento técnico conduziu o dólar para o território negativo, ainda que momentaneamente. Às 11h50 a moeda norte-americana à vista marcou a mínima de 5,5588 reais (-0,18%). Ao longo da tarde, no entanto, o dólar voltou a se fortalecer ante o real, alinhando-se novamente ao movimento global.
Internamente, sem que houvesse novidades vindas de Brasília, o mercado demonstrava cautela em relação à área fiscal, um dia após o governo ter divulgado o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas.
Com o documento o governo confirmou a necessidade de congelar 15 bilhões de reais em verbas de ministérios para levar a projeção de déficit primário do governo central em 2024 a 28,8 bilhões de reais, exatamente o limite inferior da margem de tolerância da meta de déficit zero.
“Agora, ou as economias provenientes da revisão dos benefícios fiscais se mostram tão significativas quanto o governo prevê, ou a situação pode se tornar crítica”, disse André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, em comentário enviado a clientes.
“Um déficit primário acima de 28,8 bilhões de reais, que é o limite do novo arcabouço fiscal, poderia minar a confiança no governo e causar um novo ‘overshooting’ cambial, semelhante ao ocorrido no segundo trimestre do ano”, acrescentou.
Sensível à questão fiscal e ao exterior, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) tiveram ganhos firmes nesta terça-feira.
No exterior, às 17h09, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,14%, a 104,450.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024.
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