Ibovespa fecha estável, mas tem queda semanal com fiscal no radar
Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa devolveu os ganhos do dia para encerrar próximo da estabilidade nesta sexta-feira, com agentes financeiros apontando que o anúncio de contingenciamento de gastos pelo governo traz alívio sobre a questão fiscal, mas pode não ser o suficiente.
O indicador também sofreu pressão do cenário externo, em sessão ainda marcada por uma falha tecnológica que afetou serviços em diferentes países do mundo e por vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou com variação negativa de 0,03%, a 127.616,46 pontos, acumulando perda de 0,99% na semana -- o primeiro recuo semanal do mês e após quatro semanas positivas.
No melhor momento do pregão, o Ibovespa chegou a 128.360,05 pontos. No pior, foi a 127.412,84 pontos. O volume financeiro na bolsa somou 22,03 bilhões de reais.
O anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quinta-feira, de que o governo fará uma contenção de 15 bilhões de reais no Orçamento deste ano com o objetivo de cumprir as exigências do arcabouço fiscal trouxe certo alívio aos ativos brasileiros no início da sessão -- mas que não perdurou --, após o Ibovespa recuar mais de 1% na véspera.
"O anúncio foi positivo, mostra o início de uma sinalização de comprometimento com o arcabouço, mas não sei se ele vai ser suficiente, então a gente precisa entender na segunda-feira, (com) a divulgação do relatório", afirmou a estrategista de renda variável Mônica Araújo, da InvestSmart, referindo-se ao relatório bimestral de receitas e despesas, que será divulgado pela equipe econômica do governo na próxima semana.
O relatório avalia o risco de descumprimento de regras fiscais no ano e detalha as necessidades de travar despesas.
Nos Estados Unidos, as bolsas ampliaram movimento de queda, em meio a uma falha em um sistema digital que causou interrupção de serviços em uma série de setores ao redor do mundo e aumentou a incerteza em um mercado já ansioso.
"Se a gente tivesse um ambiente externo mais acomodado, não tão avesso a risco, talvez o impacto (do anúncio de congelamento de gastos) nos mercados... fosse mais significativo", acrescentou a analista da InvestSmart.
Para a próxima semana, no Brasil, a temporada de resultados do segundo trimestre começa a ganhar força, em meio a recesso parlamentar no Congresso -- que vai até 31 de julho. Lá fora, as atenções seguem em torno da disputa presidencial norte-americana, dos balanços corporativos e da trajetória dos juros nos EUA.
DESTAQUES
- VALE mostrou decréscimo de 0,08%, uma breve recuperação após queda mais acentuada, que acompanhou o declínio nos preços futuros do minério de ferro. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou com declínio de 0,19% no dia e perda de 2,54% em relação ao preço de fechamento da última sexta-feira. A mineradora disse na véspera que retomou as operações da planta de processamento de Salobo 3, no Pará, além de ter reiterado guidance de produção de cobre para 2024.
- ELETROBRAS ON fechou com queda de 1,38%, o terceiro pregão seguido no vermelho. A companhia de energia fixou o preço de sua oferta de ações que detém da transmissora ISA Cteep em 23,50 reais por ação, em operação que movimentou ao todo 2,185 bilhões de reais. ISA CTEEP PN cedeu 3,12%. Ainda no setor, CEMIG PN recuou 3,48% e ENEVA ON perdeu 2,1%.
- PETROBRAS PN encerrou com variação positiva de 0,42%, apesar de fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou a 82,63 dólares, queda de 2,91%.
- EMBRAER ON avançou 1,14%, em nova sessão de alta para a ação da fabricante de aviões, tendo como pano de fundo evento do governo onde foi anunciado financiamento à exportação de 32 jatos comerciais E175 da Embraer para a American Airlines, em um contrato de 4,5 bilhões de reais via BNDES. O presidente do banco de fomento, Aloizio Mercadante, disse o evento que a Latam e a Gol estão "bem avançadas" em discussões para incorporarem aviões da Embraer em suas frotas.
- SABESP ON subiu 3,51%, a 84,9 reais, após precificar na noite de quinta-feira seu follow-on a 67 reais por ação. O valor foi o mesmo ofertado pela Equatorial Energia por papel para se tornar acionista de referência da empresa e representa um desconto de 21% em relação ao fechamento desta sexta-feira. No total, a companhia de saneamento do Estado de São Paulo levantou 14,8 bilhões de reais. A liquidação da operação está marcada para segunda-feira. Nesta sexta, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, rejeitou pedido feito pelo PT para suspender o processo de privatização da Sabesp.
- AZUL PN avançou 2,32%, em uma recuperação da forte queda na véspera, quando perdeu 7,87%. A companhia aérea informou nesta sexta-feira que, devido a "intermitência no serviço global do sistema de gestão de reservas", alguns voos podem sofrer "atrasos pontuais", em um episódio que ocorre em meio a uma falha cibernética que afetou vários serviços ao redor do mundo.
- ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,76%, entre os principais suportes positivos para o Ibovespa, enquanto BRADESCO PN fechou com queda de 0,56%, na ponta oposta. Ainda no setor, BANCO DO BRASIL ON caiu 0,29% e SANTANDER BRASIL UNIT registrou acréscimo de 0,66%.
- CCR ON caiu 1,19%. Mais cedo, a companhia anunciou junto ao BNDES que o banco de fomento subscreveu a totalidade de uma emissão de 9,41 bilhões de reais em debêntures incentivadas pela companhia, cujos recursos serão usados em obras nas rodovias Presidente Dutra e BR 101-RJ/SP. Além do montante, o banco também concedeu linha de financiamento de 1,34 bilhão de reais para o grupo na modalidade chamada Finem.
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