Dólar passa a subir ante real com mercado digerindo fala de Haddad
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Após iniciar o dia em baixa ante o real, o dólar migrou para o território positivo ainda pela manhã, em meio a novos comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o cenário fiscal, enquanto no exterior a moeda norte-americana seguia em queda ante outras divisas de exportadores de commodities e emergentes.
Às 12h08 o dólar à vista subia 0,22%, a 5,4539 reais na venda. Na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,35%, aos 5,4700 reais.
Mais cedo, a queda da moeda norte-americana esteve em sintonia com o cenário externo, onde o dólar também cedia ante divisas como o peso chileno e o peso mexicano.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao produtor para a demanda final subiu 0,2% em junho, depois de ter ficado inalterado em maio. Economistas consultados pela Reuters haviam previsto alta de 0,1%. Nos 12 meses até junho, o índice subiu 2,6%, depois de avançar 2,4% em maio.
O aumento moderado dos preços ao produtor surge após o Departamento do Trabalho ter informado na véspera uma queda inesperada do índice de preços ao consumidor de 0,1% em junho, dando força às apostas de que o Federal Reserve deve iniciar seu ciclo de cortes de juros em setembro.
No Brasil, porém, o mercado de câmbio começou a mudar durante participação de Haddad em evento em São Paulo. O ministro defendeu que a expansão fiscal neste momento não é boa para o Brasil e afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cortará gastos primários para ajustar as contas públicas se for necessário.
"Estamos desde 2014 ou 2015 produzindo déficit pesado", disse Haddad em sua fala. "Isso melhorou a vida de alguém?", questionou durante sabatina em Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Haddad também negou ter convencido Lula a baixar a tensão com o Banco Central, mas afirmou que o presidente teve "certa razão" de ficar insatisfeito com atitudes da autarquia.
Dois profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que, apesar de novamente acenar com cortes de gastos para cumprir a meta fiscal, Haddad ainda não apresentou medidas concretas -- algo que tem incomodado os investidores nas últimas semanas.
Neste cenário, após registrar uma cotação mínima de 5,4160 reais (-0,48%) às 9h20, o dólar atingiu uma máxima de 5,4669 reais (+0,46%) às 10h52, em meio aos comentários de Haddad.
No exterior, no fim da manhã a Universidade de Michigan informou que a leitura preliminar de seu índice geral de sentimento do consumidor ficou em 66,0 em julho, em comparação com uma leitura final de 68,2 em junho. Economistas consultados pela Reuters previam uma leitura preliminar de 68,5.
O dado reforçou o viés negativo para o dólar no exterior. Às 12h07, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,28%, a 104,050.
O Banco Central vendeu pela manhã 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024.
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