Assessores de Biden tentam abafar crescente temor eleitoral de parlamentares democratas
Por Nandita Bose e Andy Sullivan
WASHINGTON (Reuters) - Alguns dos principais assessores da campanha eleitoral do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encontraram-se nesta quinta-feira com senadores democratas para tentar atenuar a crescente oposição no próprio partido à tentativa de reeleição do mandatário, antes de ele fazer a sua primeira coletiva de imprensa sozinho em quase oito meses.
A campanha de Biden está nas cordas há duas semanas, desde que o político de 81 anos teve uma performance hesitante no debate contra o ex-presidente e adversário eleitoral, Donald Trump, de 78. O desempenho alimentou temores sobre sua idade e saúde mental, temas que já preocupavam os eleitores há muito tempo em pesquisas de opinião pública.
Em um memorando, a campanha de Biden disse que o debate não mudou dramaticamente a corrida, e buscou conquistar os eleitores indecisos alterando o foco da discussão para Trump, um criminoso condenado e que enfrenta mais dois processos criminais por tentar reverter a derrota eleitoral de 2020.
“Ninguém está negando que o debate foi um revés. Mas Joe Biden e sua campanha já superaram revezes antes”, afirma o memorando.
Na semana passada, vários políticos democratas pediram a Biden que desista da campanha, citando preocupações de que ele não apenas poderá perder a vaga na Casa Branca, como custar ao partido o controle de ambas as Casas do Congresso.
A deputada Hillary Scholten, do Michigan, entrou para esse grupo nesta quinta-feira: “Isso não é sobre o passado, é sobre o futuro. É hora de passar a tocha”, escreveu ela nas redes sociais. “É essencial termos o candidato mais forte possível no topo da chapa.”
Ela se tornou a décima deputada democrata a pedir que o presidente deixe a corrida eleitoral. Um senador do partido, Peter Welch, entrou para a lista na noite de quarta-feira.
Vários importantes parlamentares têm dito que Biden deve ficar na corrida. Muitos outros, incluindo a ex-presidente da Câmara dos Deputados Nancy Pelosi, negaram-se a dizer de forma definitiva se o presidente deveria desistir ou permanecer no topo da chapa.
As dúvidas pareciam estar crescendo também no entorno de Biden. O jornal The New York Times informou que alguns velhos conselheiros de Biden estavam considerando formas de convencê-lo a desistir da reeleição, enquanto a NBC News noticiou que alguns funcionários da campanha pensavam que ele não tinha chances de ganhar a eleição.
Vários aliados, incluindo a presidente da campanha de Biden, Jen O'Malley Dillon, estão se encontrando com senadores democratas para tentar aumentar o apoio ao mandatário na Casa, onde ele serviu de 1973 a 2009.
No memorando de estratégia eleitoral, a campanha de Biden argumentou que sempre foi esperada uma corrida apertada pela Casa Branca, e que é possível vencer se concentrando em três Estados-chave: Pensilvânia, Michigan e Wisconsin. Isso parece indicar que esses Estados serão priorizados sobre outros em que Biden venceu em 2020, como Nevada, Geórgia e Arizona.
(Reportagem de Nandita Bose e Andy Sullivan, reportagem adicional de Allende Miglietta, Jasper Ward, Makini Brice, Andrea Shalal, Susan Heavey e Trevor Hunnicutt)
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