Dólar sobe mais de 1% impulsionado por exterior em dia de ata do Copom

Publicado em 25/06/2024 17:10

Logotipo Reuters

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -Após o alívio das duas sessões anteriores, o dólar à vista subiu mais de 1% nesta terça-feira no Brasil, para acima dos 5,45 reais, com as cotações impulsionadas pelo exterior, onde a moeda norte-americana tinha ganhos firmes ante as demais divisas, numa inversão do movimento da véspera, quando investidores foram em busca de ativos de maior risco.

A divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e as declarações do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, foram acompanhadas de perto, mas pouco alteraram a percepção sobre o cenário doméstico.

O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4545 reais na venda, em alta de 1,19%. No mês, a divisa acumula elevação de 3,88%.

Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,06%, a 5,4535 reais na venda.

A moeda norte-americana oscilou em alta ante o real durante todo o dia, com investidores aproveitando o viés vindo do exterior para recompor posições compradas na divisa dos EUA (no sentido de alta das cotações), após as baixas mais recentes.

O movimento de busca por dólares no exterior foi favorecido por declarações da diretora do Federal Reserve Michelle Bowman, que reiterou sua opinião de que manter a taxa de juros estável "por algum tempo" provavelmente será suficiente para deixar a inflação sob controle. Ao mesmo tempo, ela reforçou sua disposição de aumentar os juros se necessário.

"A inflação nos EUA continua elevada, e ainda vejo vários riscos de aumento da inflação que afetam minha perspectiva", disse.

Além disso, dados mostrando o aumento dos preços de residências nos EUA e uma confiança do consumidor acima do esperado contribuíam para o dólar forte.

“O dólar está ganhando de seus pares e das divisas emergentes por conta dos números (dos EUA), que vieram bons, e dos ‘Fed boys’, indicando que talvez não se corte juros este ano”, comentou durante a tarde Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.

Às 17h11, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,11%, a 105,630.

No Brasil, as atenções estiveram voltadas para a ata do Copom e para as declarações de Galípolo durante videoconferência.

No documento, o Copom indicou que, além da unanimidade entre os membros quanto à manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano, todos concordaram que o colegiado deve "perseguir a reancoragem das expectativas de inflação independentemente de quais sejam as fontes por trás da desancoragem ora observada".

Além disso, o documento trouxe uma elevação da taxa de juros neutra -- aquela em que não há estímulo nem retração da economia -- de 4,50% para 4,75%, conforme o cálculo do BC.

Já Galípolo reconheceu o incômodo com o avanço recente do dólar ante o real, mas ressaltou que o BC não tem uma meta de câmbio ou de diferencial de juros, mas sim uma meta de inflação.

Profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que tanto a ata quanto Galípolo trouxeram poucas novidades para o cenário. Ao mesmo tempo, segundo eles, a questão fiscal segue como um fator de preocupação para o mercado, o que ajudava a justificar nova alta do dólar ante o real nesta terça-feira.

“Ainda estamos passando por um pouco de pessimismo. Precisamos de alguma coisa que ajude minimamente o governo a acalmar os ânimos em relação ao fiscal”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Neste cenário, após atingir a cotação mínima de 5,4049 reais (+0,27%) às 9h36, o dólar à vista atingiu a máxima de 5,4570 reais (+1,24%) às 16h56, pouco antes do fechamento.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.

(Edição de Alexandre Caverni)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário