Dólar volta a fechar acima de R$5,40 com fiscal e cautela antes do Copom

Publicado em 17/06/2024 17:14 e atualizado em 17/06/2024 17:53

Logotipo Reuters

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista voltou a fechar acima dos 5,40 reais nesta segunda-feira, impulsionado novamente pelas preocupações dos investidores com o equilíbrio fiscal no Brasil e pela cautela antes da decisão do Copom sobre juros, na quarta-feira, ainda que no exterior a moeda norte-americana tenha caído em relação às divisas fortes.

O recuo do minério de ferro após decepção com dados econômicos da China também pesava sobre o real.

O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4221 reais na venda, em alta de 0,76%. Esta é a maior cotação de fechamento desde 4 de janeiro de 2023 -- início do governo Lula -- quando encerrou a 5,4513 reais. Em junho, a divisa acumula elevação de 3,26%.

Às 17h41, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,83%, a 5,4270 reais na venda.

Mesmo após ter acumulado altas semanais nas quatro semanas anteriores, o dólar voltou a subir nesta segunda-feira com profissionais citando o mal-estar dos investidores com o cenário fiscal brasileiro.

“Temos clareza que são as questões domésticas que influenciam as cotações: o desgaste político do governo, os alertas dos jornais para as dificuldades, o diálogo ruim com o Congresso e o fim do espaço de ajuste fiscal pelo lado das receitas”, citou André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.

Segundo ele, a questão fiscal colocou nesta sessão o mercado de câmbio brasileiro na contramão do índice do dólar, que cedia ante uma cesta de divisas fortes. Ao mesmo tempo, a queda do minério de ferro -- importante produto de exportação do Brasil -- penalizava mais uma vez o real.

"O (real do) Brasil é visto como uma commodity currency (moeda commodity). Sempre que a China perde força, o real também perde força”, disse pela manhã Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes.

“Aliás, o real já se desvaloriza mais de 10% no ano. Ele está sofrendo muito desde que começou este movimento de deterioração do Brasil, que vai completamente na contramão do que está acontecendo lá fora”, acrescentou, lembrando que a economia norte-americana vai bem.

As preocupações com a área fiscal seguiram permeando os negócios, assim como a cautela antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na quarta-feira. Na curva de juros, a precificação aponta para manutenção da taxa básica Selic em 10,50% ao ano, mas o mercado aguarda para saber se a decisão do Copom será novamente dividida.

Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que nova divisão de votos voltará a estressar os ativos no Brasil -- em especial o câmbio, bastante sensível ao aumento da percepção de risco.

Pela manhã, as expectativas de mercado voltaram a indicar uma piora do cenário. O Banco Central informou que, conforme o relatório Focus, a mediana das projeções do mercado para a inflação em 2024 subiu de 3,90% para 3,96% e em 2025 foi de 3,78% para 3,80% -- neste segundo caso, na sétima elevação consecutiva. Além disso, a projeção da Selic para o fim deste ano foi de 10,25% para 10,50%, indicando que os economistas deixaram de esperar corte adicional de 25 pontos-base na taxa básica no atual ciclo.

Neste ambiente, o dólar à vista oscilou entre a cotação mínima de 5,3726 reais (-0,16%) às 9h, na abertura dos negócios, e a máxima de 5,4322 reais (+0,95%), às 15h31.

No exterior, às 17h36 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,20%, a 105,330.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.

(Edição de Alexandre Caverni)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário