Vendas varejistas no Brasil crescem em abril pelo 4º mês, mas ficam abaixo do esperado
Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas varejistas brasileiras cresceram pelo quarto mês seguido em abril e renovaram o maior patamar da série histórica, mas iniciaram o segundo trimestre com um desempenho abaixo do esperado.
O varejo registrou em abril aumento de 0,9% das vendas sobre o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
Ainda que as vendas tenham crescido em todos os meses deste ano, o resultado de abril ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 1,3%.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 2,2%, contra projeção de 3,35% nessa base de comparação..
"Neste ano, o varejo veio com resultados mais expressivos e, nos últimos três meses, vem alcançando o último recorde da série com ajuste sazonal (a cada mês)”, disse Cristiano Santos, gerente da pesquisa.
"O cenário macro contribui para estimular a expansão da demanda e do consumo", completou ele, explicando que os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul ainda não apareceram no varejo em abril.
O mercado de trabalho firme, aumento da renda, benefícios sociais, inflação controlada e condições melhores de crédito trazem um cenário mais favorável ao setor de varejo no Brasil neste ano.
"Olhando à frente, para 2024, nossa perspectiva é que um mercado de trabalho aquecido, a regra de valorização do salário mínimo e a inflação comportada devam contrabalançar um juro real ainda elevado", disse Igor Cadilhac, economista do PicPay.
No entanto, com a perspectiva de menor afrouxamento monetário do que se esperava inicialmente ou até mesmo a interrupção do ciclo, o nível elevado da taxa básica de juros Selic, atualmente em 10,5%, pode funcionar como um freio.
"A mudança recente na postura do Banco Central, que irá manter uma política monetária mais restritiva que o antecipado, deverá ser um empecilho à continuidade do crescimento no setor”, alertou André Valério, economista sênior do Inter.
Entre as oito atividades pesquisadas, cinco apresentaram ganhos em abril. As vendas em hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que respondem por 55,2% do índice geral, cresceram 1,5% depois de dois meses negativos.
Já equipamentos e material para escritório, informática e comunicação tiveram aumento de 14,2%, recuperando a perda de 10,1% em março por conta do aumento do dólar. Essas duas atividades foram as principais influências sobre o resultado geral.
Também tiveram desempenhos positivos o setor de móveis e eletrodomésticos (+2,4%), combustíveis e lubrificantes (+2,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+0,6%).
Por outro lado, as atividades de livros, jornais, revistas e papelaria (-0,4%) e tecidos, vestuário e calçados (-0,7%) registraram retração no mês.
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças; material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, houve queda de 1,0% das vendas.
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