Fed mantém juros inalterados e prevê apenas um corte em 2024, apesar do progresso na inflação
Por Howard Schneider e Ann Saphir
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve manteve a taxa básica de juros inalterada nesta quarta-feira, como esperado, e as autoridades monetárias passaram a projetar apenas uma única redução de 0,25 ponto percentual na taxa este ano, em meio a estimativas crescentes sobre o que será necessário para manter a inflação sob controle.
Em um conjunto de projeções que provavelmente elimina a perspectiva de uma redução nos custos de empréstimos antes da eleição presidencial nos Estados Unidos em 5 de novembro, autoridades do Fed passaram da expectativa de três reduções de 0,25 ponto percentual em março para apenas uma, apesar de o banco central norte-americano reconhecer, em sua nova declaração de política monetária, "progresso modesto" em direção à sua meta de inflação de 2% -- uma melhoria em relação à declaração de 1º de maio.
O chair do Fed, Jerome Powell, em uma coletiva de imprensa após o final da reunião de política monetária de dois dias, disse que essa combinação refletia uma perspectiva "conservadora" para a inflação entre as autoridades. Mesmo que "as leituras mensais mais recentes tenham se atenuado um pouco", isso ainda não é suficiente para inspirar "maior confiança" no retorno sustentável da inflação para 2%.
"É apenas uma leitura", disse Powell sobre um relatório do Departamento do Trabalho dos EUA divulgado nesta quarta-feira, mostrando que o índice de preços ao consumidor diminuiu no mês passado mais do que o esperado.
"Quando estivermos (mais confiantes), poderemos pensar em flexibilizar a política monetária", disse Powell.
A mudança entre as autoridades também coincidiu com um aumento de 2,6% para 2,8% na taxa de juros estimada de longo prazo, ou "neutra", o que indica que os formuladores de política monetária concluíram que a economia precisa de mais restrições para terminar a batalha contra o aumento dos preços.
O progresso recente tem sido lento, e as autoridades do Fed agora projetam uma taxa de inflação ligeiramente maior no final do ano, de 2,6%, em comparação com os 2,4% previstos em março.
Embora os cortes nos juros provavelmente começarão mais tarde e a um ritmo menor do que investidores previram, a taxa básica do Fed é vista caindo rapidamente no próximo ano, com reduções que somariam 1 ponto percentual em 2025 e o mesmo valor em 2026.
A declaração e novas projeções econômicas mostram uma luta do banco central sobre como reagir aos dados que muitos consideram apontar para uma inflação mais baixa -- os preços ao consumidor norte-americano de fato não subiram nada em maio em relação ao mês anterior, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira -- mas também para um crescimento estável e criação de empregos.
TAXA NEUTRA MAIS ALTA
As novas projeções mostram que a economia norte-americana ainda deve crescer 2,1% este ano, um pouco acima da tendência, apesar de um primeiro trimestre fraco, e que a taxa de desemprego permanecerá nos atuais 4% ao longo do ano.
"Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido. Os ganhos de empregos continuaram fortes e a taxa de desemprego permaneceu baixa", disse o Fed em seu comunicado.
Depois de pouco progresso em relação à inflação nos primeiros meses do ano, o resultado foi um "gráfico de pontos" das previsões de juros projetadas pelos formuladores de política monetária que envolveu uma mudança quase generalizada para cima nas taxas consideradas necessárias para terminar a batalha contra a inflação.
Juntamente com o recente debate sobre a possibilidade de a taxa de juros "neutra" ser mais alta do que o estimado, o novo gráfico de pontos sugeriu que as autoridades do Fed concluíram que são necessários juros mais altos por um período mais longo para manter a inflação sob controle. Somado a um aumento anterior na projeção de março, essa taxa neutra agora é estimada em mais de 0,25 ponto percentual acima de onde terminou 2023.
O Fed aumentou agressivamente os custos de empréstimos em 2022 e 2023 em resposta a um aumento na inflação que atingiu o maior patamar em 40 anos há cerca de dois anos.
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