Dólar dispara e fecha em R$5,3247 com exterior e desconforto fiscal

Publicado em 07/06/2024 17:28 e atualizado em 07/06/2024 18:14

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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou a sexta-feira em forte alta ante o real, superando os 5,30 reais, com as cotações reagindo ao avanço firme da moeda norte-americana no exterior, após dados do mercado de trabalho dos EUA sugerirem que o Federal Reserve fará apenas um corte de juros em 2024, e em meio ao desconforto dos investidores com a área fiscal no Brasil.

O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,3247 reais na venda, em alta de 1,44%. Este é o maior valor de fechamento desde 5 de janeiro de 2023, quando a moeda foi cotada a 5,3527 reais. Na semana, a moeda acumulou elevação de 1,40%.

Às 17h59, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,53%, a 5,3505 reais na venda.

Divulgação mais aguardada na semana, o relatório payroll indicou que foram abertas 272.000 vagas de emprego fora do setor agrícola em maio, bem acima dos 185.000 postos de trabalho projetados por economistas consultados pela Reuters. As estimativas dos economistas variavam entre 120.000 a 258.000.

A leitura do mercado em um primeiro momento foi de que, com a economia aquecida como indicou o payroll, o Federal Reserve não terá espaço para cortar juros duas vezes ainda este ano, mas apenas uma vez.

Em reação, o rendimento do Treasury de dez anos disparou e o dólar ganhou força ante as demais divisas, incluindo o real. Por trás do movimento estava a leitura de que, com juros mais elevados nos EUA, o diferencial de taxas do Brasil se tornará menor, limitando a capacidade de o país atrair capital.

Às 9h29 -- um minuto antes da divulgação do payroll -- o dólar à vista marcava a cotação mínima de 5,2411 reais (-0,16%). Com a divulgação dos dados, o dólar renovou os picos do dia, sendo que o movimento de alta continuou durante a tarde, em meio ao desconforto dos investidores com o cenário fiscal no Brasil.

Operador ouvido pela Reuters pontuou perto do fim da sessão que circulou nas mesas comentários de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria sinalizado a possibilidade de mudanças no atual arcabouço fiscal. Os comentários teriam sido feitos durante agenda de Haddad com representantes do banco Santander, em São Paulo.

Em meio aos rumores e a um desconforto em relação à questão fiscal, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) dispararam perto do fim da sessão, com o acionamento de ordens de stop loss (parada de perdas). O dólar à vista atingiu o pico do dia, de 5,3295 reais (+1,53%), às 16h14.

Enquanto os ativos brasileiros eram massacrados, Haddad concedia entrevista a jornalistas em São Paulo, para defender a medida provisória enviada ao Congresso que restringe a compensação de créditos tributários. Segundo ele, a resistência contra a MP vai se dissipar conforme haja maior compreensão da intenção do governo de reduzir gastos tributários.

Haddad afirmou ainda que o governo poderá eventualmente fazer um contingenciamento de despesas orçamentárias no ano para assegurar o cumprimento das regras fiscais.

Numa segunda conversa com jornalistas, também em São Paulo, Haddad descartou a possibilidade de alteração do arcabouço fiscal. Segundo ele, um participante da reunião com o Santander vazou uma informação falsa, o que ele qualificou como “muito grave”.

Com o mercado à vista já fechado, restou ao dólar futuro para julho reagir ao desmentido de Haddad: a moeda perdeu força momentaneamente, mas voltou a acelerar as altas antes do fechamento.

No exterior, às 17h57, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,79%, a 104,930.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.

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Fonte:
Reuters

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