FMI diz que flexibilidade do Brasil no ritmo de afrouxamento monetário é prudente
BRASÍLIA (Reuters) - A manutenção da flexibilidade pelo Banco Central quanto ao ritmo e à duração de seu ciclo de afrouxamento monetário é prudente, dado o mercado de trabalho apertado e as expectativas de inflação acima da meta no país, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira.
Em um comunicado sobre as conclusões preliminares após uma visita ao Brasil, a equipe do FMI disse que espera que o crescimento brasileiro modere no curto prazo antes de fortalecer para 2,5% no médio prazo, uma revisão para cima em relação à previsão anterior de 2,0%.
"Nos últimos dois anos, a economia brasileira demonstrou notável resiliência, com a inflação recuando para o intervalo da meta", disse o órgão multilateral de crédito em comunicado.
"O ritmo cuidadoso de relaxamento da política monetária tem sido adequado e compatível com o sistema de metas de inflação. Com a inflação em queda e a perspectiva de que permaneça dentro do intervalo de tolerância, manter a flexibilidade quanto ao ritmo e à duração do ciclo de redução dos juros é prudente, tendo em vista o mercado de trabalho apertado e as expectativas de inflação acima da meta", acrescentou.
No comunicado, o FMI também elogiou as autoridades brasileiras pelo que classificou de esforço para melhorar a situação fiscal do país, assim como pela realização de uma "ambiciosa agenda de crescimento sustentável", citando a reforma tributária como parte desta agenda.
"Louvamos o compromisso das autoridades de continuar a melhorar a posição fiscal do Brasil. Eliminar renúncias tributárias ineficientes, ampliar a base tributária e enfrentar a rigidez dos gastos abririam espaço para políticas prioritárias e para responder a choques e, ao mesmo tempo, apoiar a sustentabilidade da dívida pública", disse o FMI.
"As autoridades avançaram em sua ambiciosa agenda de crescimento sustentável e inclusivo. Espera-se que a implementação da histórica reforma do IVA fortaleça a produtividade, crie empregos formais e melhore a equidade."
Ao comentar o aumento da estimativa para o crescimento da economia brasileira no médio prazo, o FMI atribuiu a decisão à reforma tributária, cuja regulamentação agora tramita no Congresso Nacional depois de ter sido aprovada no ano passado, e disse que investimentos na economia verde podem impulsionar ainda mais o potencial econômico do país.
O Fundo apontou que os riscos para as perspectivas de crescimento brasileiro diminuíram em relação ao ano passado, ao mesmo tempo que alertou que ainda são incertos os impactos fiscais e macroeconômicos das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul na maior tragédia climática da história daquele Estado.
"Um sistema financeiro sólido, reservas cambiais suficientes, a baixa dependência de endividamento em moeda estrangeira, as grandes reservas de caixa do governo e a taxa de câmbio flexível continuam a respaldar a resiliência do Brasil", afirmou.
(Reportagem de Marcela Ayres; reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)
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