Prates pede para deixar Petrobras; Chambriard é indicada pelo governo
Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier e Lisandra Paraguassu e Fabio Teixeira e Patricia Vilas Boas
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, pediu nesta terça-feira para deixar a companhia, de acordo um comunicado da estatal, derrubando os papéis da petroleira no pós-mercado da bolsa de Nova York, em meio a riscos para a governança citados por analistas.
Em fato relevante posterior, a empresa afirmou que o Ministério de Minas e Energia manifestou a intenção de indicar Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), como substituta de Prates.
"A saída de Prates é uma deterioração da governança da Petrobras e um risco negativo para a tese de investimento", afirmou o Citi em relatório, acrescentando que a nova presidente chega "pressionada para cumprir o plano de investimentos e acelerar a expansão do capex, o que pode impactar negativamente no pagamento de dividendos da empresa".
O anúncio da mudança na presidência da empresa acontece um dia após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre da Petrobras, cujo lucro caiu 38% na comparação anual, para 23,7 bilhões de reais. Antes, no entanto, já havia no governo descontentamento com os rumos da companhia e com a própria gestão de Prates.
As notícias vieram após o presidente da Petrobras ter ficado ameaçado de demissão em algumas oportunidades, na mais recente delas depois de um embate público com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre os dividendos extraordinários, cuja proposta de pagamento referendada em assembleia de acionistas acabou ficando como o sugerido pela diretoria comandada por Prates.
Prates, cuja gestão ainda não mexeu nos preços da gasolina e diesel neste ano -- um tema sempre sensível --, também sofreu críticas e pressões públicas para que a Petrobras investisse mais em gás natural e acelerasse investimentos de interesse do governo, como o setor de fertilizantes e indústria naval.
Em mensagem a amigos obtida pela Reuters, Prates afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu seu cargo, acrescentando que deveria "nomear Magda". Ele citou ainda que os ministros de Minas e Energia e da Casa Civil, Rui Costa, estavam satisfeitos com sua saída.
"Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração", comentou.
Além de Prates, fontes com conhecimento do assunto disseram mais cedo à Reuters que Lula planejava nomear Chambriard, ligada ao PT e ex-diretora-geral da ANP na gestão de Dilma Rousseff, para o cargo de presidente da estatal.
Os recibos de ações da Petrobras negociados em Nova York (ADRs) caíram mais de 6% nas negociações pós-mercado, diante das notícias da saída de Prates do comando da estatal.
A Petrobras informou mais cedo que havia recebido nesta terça-feira solicitação de Prates para que o conselho de administração da estatal se reunisse para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como CEO. A reunião, que pode aprovar sua saída, está marcada para quarta-feira.
Segundo comunicado da companhia, Prates informou que, se aprovado o encerramento do mandato no conselho, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do conselho de administração da Petrobras.
O Palácio do Planalto e o Ministério de Minas e Energia não comentaram o assunto imediatamente.
(Texto de Roberto Samora)
0 comentário
Dólar oscila pouco, mas segue acima de R$5,80 com cautela antes de pacote fiscal
Minério de ferro avança com produção de aço mais forte superando dados fracos da China
Cessar-fogo entre Israel e Hezbollah entra em vigor; civis começam a voltar ao sul do Líbano
Arthur Lira acena para avanço de projetos sobre “Reciprocidade Ambiental”
CMN amplia prazo para vencimento de crédito rural em cidades do RS atingidas por chuvas
Ibovespa fecha em alta à espera de pacote fiscal; Brava Energia dispara