Ibovespa recua após BC reduzir ritmo de corte da Selic, com balanços no radar
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta quinta-feira, após o Banco Central reduzir o ritmo de corte da taxa básica de juros na véspera, enquanto o noticiário corporativo destacava uma nova batelada de resultados corporativos, incluindo o do Banco do Brasil.
Às 12:35, o Ibovespa cedia 1,31%, a 127.778,63 pontos. O volume financeiro somava 12 bilhões de reais.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anunciou na noite de quarta-feira corte de 0,25 ponto percentual na Selic, para 10,50% ao ano, em decisão dividida, e abandonou sua indicação sobre o futuro dos juros básicos.
A decisão foi apoiada pelo presidente Roberto Campos Neto e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes. Indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por uma redução de 0,50 ponto.
Na visão do economista-chefe da Azimut Brasil, Gino Olivares, a decisão adicionou volatilidade em um cenário já bastante desafiador.
"Sem saber quais foram os argumentos da minoria para esse voto, resulta difícil avaliar o racional dessa decisão; porém o que se sabe é que na descrição do cenário, na avaliação dos riscos e, fundamentalmente na percepção da necessidade de maior cautela, todos os membros do comitê concordavam."
Nesse sentido, acrescentou, precisaremos esperar pela ata da reunião, prevista para a próxima terça-feira, para conhecer detalhes que ajudem a entender tal desfecho.
"O que dá para dizer sim é que, se havia consenso em tudo, mas a votação foi dividida, o comitê como um todo falhou, pois foi incapaz de converter esse consenso numa decisão que passasse um sinal firme de compromisso com o regime de metas de inflação", reforçou Olivares.
DESTAQUES
- COGNA ON recuava 7,93%, após divulgar que encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido ajustado de 50,5 milhões de reais, queda de 57,1% ano a ano, em performance pressionada por aumento de despesas corporativas e itens não recorrentes. Incluindo efeitos relacionados a aquisições, a companhia de educação apurou um prejuízo de 8,512 milhões de reais
- ULTRAPAR ON perdia 7,46%, mesmo após reportar lucro líquido de 455 milhões de reais para o primeiro trimestre do ano, avanço de 66% ano a ano, impulsionado por maior Ebitda e menor despesa financeira líquida.
- LOJAS RENNER ON registrava declínio de 6,94%, apesar do salto no lucro líquido do primeiro trimestre, para 139,3 milhões de reais, em período marcado por expansão de vendas e margens.
- AREZZO ON caía 6,71%, em meio à análise do balanço do primeiro trimestre, com lucro líquido de 71,6 milhões de reais. Em teleconferência sobre o resultado, a companhia citou dificuldade de vendas em maio diante de calor e desastre no Rio Grande do Sul. GRUPO SOMA ON, que está em processo de fusão com a Arezzo, cedia 6,73%, após balanço.
- BANCO DO BRASIL ON cedia 4,19%, a despeito da alta de 8,8% no lucro líquido recorrente do banco no primeiro trimestre, para 9,3 bilhões de reais. Executivos do BB disseram que notaram agravamento no risco da carteira de crédito de pequenas e médias empresas e de grandes companhias, mas ressaltaram que a situação está sob controle.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdia 2,25% e BRADESCO PN era negociada em baixa de 2,68%.
- REDE D'OR ON avançava 2,3%, após anúncio de acordo com a Atlântica, controlada indireta do Bradesco, para a criação e atuação conjunta em uma nova rede hospitalar, a Atlântica D'Or. A Rede D'Or terá 50,01% e a Atlântica, 49,99%.
- VALE ON subia 0,89%, mesmo com o declínio dos preços do minério de ferro na China. A Justiça Federal indeferiu na véspera pedido da União para que Samarco e suas sócias (Vale e BHP) fossem obrigadas a pagar 79,6 bilhões de reais, em 15 dias, em cumprimento provisório de sentença referente a uma ação movida pelo rompimento de barragem em Mariana (MG) em 2015.
- PETROBRAS PN registrava acréscimo de 0,44%, apoiada pelo sinal positivo dos preços do petróleo no exterior. O CEO da estatal, Jean Paul Prates, disse na véspera que a Petrobras avalia eventualmente comprar a participação da Novonor (ex-Odebrecht) na Braskem, caso não haja um interessado.
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