RS tem mais de 300 mil sem luz; barragem de usina se rompe
SÃO PAULO (Reuters) - As chuvas intensas que atingiram o Rio Grande do Sul deixaram mais de 300 mil clientes de distribuidoras sem energia elétrica, informaram nesta quinta-feira as principais concessionárias do Estado, enquanto a barragem de uma usina hidrelétrica de pequeno porte se rompeu.
A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), que opera a barragem da Usina 14 de Julho, disse que a estrutura se rompeu parcialmente devido às fortes chuvas que atingem o Estado desde terça-feira.
O Estado tem sofrido danos de vários tipos em função da chuvas intensas, que deixaram ao menos 13 mortos e 21 desaparecidos. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decretou estado de calamidade pública.
A tempestades também deixaram centenas de milhares de pessoas sem energia elétrica.
A RGE, do grupo CPFL, disse que os temporais, com vento e descargas atmosféricas, deixaram 268 mil clientes sem energia na área da companhia. Do total, cerca de 161 mil (60%) estão em locais sem acesso ou em áreas alagadas, em que a energia foi desligada por segurança.
As regiões mais afetadas na área de concessão da RGE são Vale do Taquari (109,6 mil clientes sem energia), Vale do Rio Pardo (31,9 mil), Vale dos Sinos (40,1 mil) e Serra (33,1 mil).
"Mesmo com as dificuldades enfrentadas, com bloqueios de estradas e alagamentos, que não permitem acesso às redes elétricas para atendimento às ocorrências, as equipes da RGE seguem totalmente mobilizadas para restabelecer o fornecimento de energia", disse a companhia em nota.
Já a CEEE, do grupo Equatorial, afirmou que, no final da manhã, havia 59 mil clientes sem energia em sua área de concessão.
As regiões mais atingidas são Sul, Litoral Norte e Metropolitana, incluindo os municípios de São Lourenço do Sul, Balneário Pinhal, Alvorada e a capital, Porto Alegre.
Do total de clientes da CEEE sem energia, aproximadamente 4,5 mil clientes estão desligados por segurança, devido aos alagamentos, segundo a empresa.
A companhia também disse que "em situações dessa magnitude" o acesso a determinados locais fica prejudicado, dificultando o trabalho das equipes.
A distribuidora disse que trabalha para restabelecer a energia elétrica para todos os seus clientes o mais breve possível.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou em nota que acompanha os desdobramentos das fortes chuvas de perto e, especialmente, os efeitos na operação do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Nesse caso, o órgão explicou que foi necessário o desligamento, em 1° de maio, da Subestação Nova Santa Rita 525/230 kV, por questões de segurança dos profissionais e equipamentos, em função do alagamento de seu pátio.
O ONS informou ainda que está monitorando os reservatórios de hidrelétricas, em especial as que estão na bacia do Rio das Antas e do Rio Jacuí, para determinar ajustes de defluência e de instalações, como subestações e linhas de transmissão.
"O ONS acompanha a situação junto com a Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), responsável pela usina", afirmou o ONS sobre a usina 14 de Julho, pontuando que a usina é despachada pelo Sistema Interligado Nacional (SIN).
A Ceran informou em nota que o rompimento parcial do trecho direito da barragem da Usina 14 de Julho ocorreu no início da tarde desta quinta-feira com o contínuo aumento da vazão do Rio das Antas. Disse ainda que um plano de ação de emergência foi colocado em prática na véspera e que segue em contato com autoridades.
O ONS também informou que o nível do reservatório da hidrelétrica Dona Francisca chegou próximo ao limite de segurança de 100,50m, exigindo uma autorização para elevação da geração, e que a hidrelétrica Passo Real também está com nível com "elevação significativa", reforçando a necessidade de aumento da defluência.
(Por Roberto Samora e Marta Nogueira)
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