Custo de credibilidade por mudar meta fiscal pode ser muito maior que ganho orçamentário, diz Campos Neto
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou nesta sexta-feira que a perda de credibilidade do país com uma eventual mudança na meta de resultado primário do governo pode ser maior do que o ganho fiscal gerado por essa flexibilização.
Em evento promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico, Campos Neto disse ser importante o governo insistir na meta de resultado primário e disse estar se "juntando ao coro do Ministério da Fazenda".
“O que a gente entende, olhando o que está sendo discutido hoje, (...) é que 0,25% (do Produto Interno Bruto) são 20 e poucos bilhões de reais. Se o problema são vinte e poucos bilhões de reais, talvez a perda de credibilidade, o custo de credibilidade que essa mudança gera seja muito maior do que esse valor inicial", disse.
Diante da perspectiva de dificuldade da aprovação de receitas para zerar o déficit primário em 2024, a meta fiscal foi alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que levou parte do governo e parlamentares a defenderem um afrouxamento do alvo, com menções a possíveis metas de déficit de 0,25% ou 0,50% do PIB para o ano.
Nos últimos dias, porém, membros do governo afirmaram que a meta de déficit zero em 2024 não será alterada, enfatizando a defesa pela aprovação de medidas que ampliem a arrecadação.
Na apresentação desta sexta, Campos Neto disse que o governo tem se esforçado em mostrar que existe possibilidade de obter receitas fazendo correção de distorções.
Em relação à política monetária, ele afirmou que o BC tem indicado que a taxa básica de juros precisa estar em campo restritivo, mas não tem insistido em desenhar uma trajetória para a Selic porque há um ambiente de incerteza.
O presidente do BC ainda disse que a autarquia retirou de seus comunicados o trecho que vinculava uma mudança no ritmo de afrouxamento monetário a surpresas significativas na inflação porque considerou que essa mensagem foi sedimentada na percepção dos agentes econômicos.
A taxa Selic está atualmente em 12,25% e o BC já antecipou que pretende repetir cortes de 0,50 ponto percentual ao menos nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
IBC-BR NÃO MUDA EXPECTATIVA
Campos Neto também disse que o dado divulgado nesta sexta-feira do IBC-Br, que apontou retração da atividade no terceiro trimestre, não muda expectativas para o crescimento deste ano ou o carregamento para 2024, e destacou que o BC já havia comunicado que esperava uma desaceleração nos dados.
Ele acrescentou que o desempenho econômico do Brasil em 2023 é considerado bom e “temos todas as condições de ficarmos otimistas com 2024”.
O presidente do BC afirmou ainda que o problema do rotativo do cartão de crédito talvez seja o tema mais complexo que ele já enfrentou à frente da autarquia, em meio ao desentendimento entre setores sobre o assunto após o Congresso dar um prazo para que seja encontrada uma solução.
Na avaliação de Campos Neto, o parcelado sem juros do cartão também é um problema e “ficou tão grande que pode estar impactando a forma de fazer crédito” no país.
Ele ressaltou não estar pessimista com o encaminhamento do tema, enfatizando que as discussões com setores envolvidos prosseguem.
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Henrique Afonso Schmitt blumenau - SC
Porque será que o atual governo nunca pensa em reduzir as despesas? A grande marca do governo anterior foi o corte de despesas, o que permitiu o corte de impostos quando a pandemia (covid-19) apareceu. Conseguiu até terminar seu mandato com superavit. Será que não há ninguém no atual governo que consiga captar a lição do governo anterior, e montar uma estratégia para baixar a carga de impostos que recai sobre quem produz e quem consome? COM A PALAVRA O GOVERNO!
Para reduzir despesas, somente daqui a 3 anos, isto, se o eleitor eleger, um governo que não seja populista. No populismo, o compromisso, é agradar a todos os segmentos, que o apoiaram. Com exceção dos pagadores de impostos, que geram a riqueza do país. Às vezes, conseguem agradar a todos sem exceção. Porém tem que aumentar a dívida, pagando mais juros. Portanto, na hora em que acabar o dinheiro dos outros, a situação vai piorar, como ocorreu com Los Hermanos.