Vendas no varejo frustram expectativas em maio com queda de 1,0%
Por Luana Maria Benedito e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas no varejo brasileiro caíram inesperadamente em maio tanto na comparação sobre o mês anterior quando em relação ao mesmo período de 2022, sob efeito da política monetária apertada do Banco Central no crédito.
O volume de vendas no varejo teve queda de 1,0% em maio na comparação com o mês anterior e perdeu também 1,0% em relação ao mesmo período de 2022, marcando a primeira taxa interanual negativa após nove meses de altas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
O resultado marcou o pior mês de maio para o setor varejista desde 2018 (-1,8%), enquanto a queda de 1,0% frente a abril representou a taxa mais baixa do volume de vendas desde dezembro de 2022 (-2,7%).
Pesquisa da Reuters apontava expectativas de estabilidade na comparação mensal e de alta de 1,95% sobre um ano antes.
"Com os juros altos, o crédito vem sendo impactado e é um fator importante" disse Cristiano Santos, gerente da pesquisa. "Maio é o mês das mães e mesmo assim houve queda nas vendas do comércio."
A taxa Selic está há meses no nível elevado de 13,75%, uma vez que o Banco Central vem tentando restringir a economia de forma a domar a inflação. Isso, por sua vez, tem limitado a oferta de crédito e pesado sobre setores da economia mais sensíveis à política monetária.
O BC indicou na ata de sua última reunião que pode começar a cortar juros em agosto caso se mantenha cenário de arrefecimento da inflação.
IMPACTOS
Em maio, o setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo recuou 3,2%, após apresentar crescimento de 3,6% em abril, marcando o maior impacto no resultado negativo do mês.
"Este é um setor que representa mais de 50% da fatia de todas as informações coletadas pela PMC. Além disso, a atividade vem de uma aceleração em abril, em um fenômeno que serviu para estancar as quedas anteriores", explicou Santos.
Também houve recuo em outras três atividades: tecidos, vestuário e calçados (-3,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,3%) e móveis e eletrodomésticos (-0,7%).
O setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, por outro lado, subiu 2,3% em maio. O segmento de livros, jornais, revistas e papelaria ganhou 1,7%, enquanto os combustíveis e lubrificantes subiram 1,4% e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação avançaram 1,1%.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas apresentou queda de 1,1% em maio frente a abril.
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