Dólar sobe ante real com perspectiva de diferencial de juros menor para Brasil

Publicado em 30/05/2023 17:58

Logotipo Reuters

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista emplacou nesta terça-feira a segunda sessão consecutiva de alta ante o real, após a inflação medida pelo IGP-M elevar a percepção de que a taxa básica Selic poderá começar a cair, enquanto nos Estados Unidos crescem as apostas de que os juros seguirão elevados.

Além disso, investidores seguem cautelosos quanto à tramitação no Congresso norte-americano do acordo para ampliar o teto da dívida.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0423 reais na venda, com alta de 0,61%.

Na B3, às 17:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,45%, a 5,0435 reais.

A moeda norte-americana avançou frente ao real durante praticamente toda a sessão, repercutindo em parte os dados do Índice Geral de Preços–Mercado (IGP-M), divulgados pela manhã, antes da abertura do pregão.

O indicador registrou deflação de 1,84% em maio, após ter recuado 0,95% em abril. Foi a maior queda mensal na série histórica iniciada em 1989. Com o resultado de maio, o IGP-M passou a acumular em 12 meses recuo de 4,47%, contra queda de 2,17% em abril, também um recorde.

Diante do dado, o dólar iniciou sua escalada ante o real pouco depois da abertura, às 9h, em meio à percepção de que, com índices de preços mais baixos, o Banco Central (BC) terá espaço nos próximos meses para iniciar o ciclo de cortes da taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

Em contrapartida, no exterior a percepção era de que o Federal Reserve (Fed) caminha para manter os juros em patamares mais elevados por mais tempo, em função da inflação. Durante a tarde, os títulos norte-americanos precificavam 37,1% de probabilidade de o Fed manter a taxa básica na faixa de 5,00% a 5,25% ao ano em sua próxima reunião. Há 62,9% de chances de alta para 5,25% a 5,50%.

Na prática, o cenário que se desenha é de um diferencial de juros menor para o Brasil, o que torna o país menos atrativo aos investimentos externos.

"O IGP-M veio com deflação. A leitura do mercado é de que aqui começaremos a cortar juros e, nos EUA, eles devem subir", pontuou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora. “Isso diminui a arbitragem, você tem um carry trade menor”, acrescentou.

Na noite de segunda-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou durante um evento que os núcleos de inflação no Brasil seguem "bastante altos", mas pontuou que a média de núcleos está caindo. Ao mesmo tempo, segundo ele, o país entrou em uma "janela" em que a queda dos núcleos de inflação "provavelmente vai continuar".

No fim da manhã desta terça-feira, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu o início dos cortes da Selic em agosto.

No início desta tarde, por volta de 13h10, o dólar acelerou ante o real e registrou a máxima de 5,0708 (+1,18%). Além de certa recuperação da moeda norte-americana no exterior, com os investidores atentos à votação sobre o teto da dívida no Congresso, o dólar foi influenciado no Brasil pela disputa pela Ptax do fim de maio, que será definida na quarta-feira, afirmou um operador à Reuters. Na sessão da véspera, a disputa pela taxa já havia dado força às cotações.

A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta do dólar) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

No fim da tarde, o dólar se mantinha em leve baixa ante uma cesta de moedas, mas sustentava ganhos ante divisas como o real, a lira turca e o peso mexicano.

"A questão do teto da dívida nos EUA tem pressionado os mercados. Ainda há espera, expectativa em relação à tramitação", pontuou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Às 17:14 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,23%, a 104,070.

No Brasil, pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de julho.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário