Zelenskiy em Berlim: podemos tornar a derrota da Rússia 'irreversível'
Por Pavel Polityuk e Sarah Marsh
KIEV/BERLIN (Reuters) - O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse no domingo que Kiev e seus apoiadores ocidentais podem tornar uma derrota russa na guerra na Ucrânia "irreversível" já neste ano e agradeceu à Alemanha por ser um "verdadeiro amigo" durante uma visita a Berlim.
Zelenskiy garantiu um grande reforço militar em sua visita, com o governo alemão anunciando 2,7 bilhões de euros (US$ 3 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia no sábado, seu maior pacote desde a invasão da Rússia em fevereiro do ano passado.
"Agora é a hora de determinarmos o fim da guerra já neste ano, podemos tornar a derrota do agressor irreversível já neste ano", disse ele durante entrevista coletiva conjunta com o chanceler alemão Olaf Scholz.
Enquanto isso, Scholz destacou a promessa da Alemanha de continuar a apoiar a Ucrânia pelo tempo que for necessário, deixando de lado uma pergunta sobre as tensões anteriores nas relações bilaterais e evitando outra pergunta sobre as esperanças de Kiev de ingressar na Otan.
A Alemanha, que é a maior economia da Europa, enfrentou críticas no início da guerra pelo que alguns chamaram de uma resposta hesitante, mas se tornou um dos maiores provedores de assistência financeira e militar da Ucrânia.
Espera-se que a Ucrânia lance grandes operações de contra-ofensiva nas próximas semanas para tentar recapturar áreas de seu leste e sul das forças russas.
Em sua primeira visita à Alemanha desde o início da invasão russa, Zelenskiy disse que Kiev estava preparada para discutir iniciativas de paz externas de outros Estados, mas que essas propostas deveriam ser baseadas na posição da Ucrânia e em seu plano de paz.
"A guerra está acontecendo no território de nosso país e, portanto, qualquer plano de paz será baseado nas propostas da Ucrânia", disse ele, vestindo sua marca registrada de calças de combate cáqui e um suéter preto.
Kiev descartou a ideia de quaisquer concessões territoriais à Rússia e disse que quer cada centímetro de seu território de volta. A Rússia anexou a península da Crimeia em 2014 e desde o ano passado afirma ter anexado outras quatro regiões ucranianas, que Moscou agora chama de território russo.
"A Ucrânia está pronta para a paz. Mas exige, com razão e com o nosso apoio, que isso não signifique congelar a guerra e ter uma forma de paz ditada pela Rússia", disse Scholz.
TENSÃO PASSADA
Zelenskiy se encontrou no sábado com a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o Papa Francisco. Ele está tentando obter apoio dos apoiadores financeiros e militares da Ucrânia enquanto eles enfrentam uma crescente crise de custo de vida em casa.
Zelenskiy deixou em aberto a perspectiva de "risco de que, se a (contra)ofensiva não for muito bem-sucedida, haverá menos apoio, mas não acho que essa seja a visão geral".
"Alguns países estão pensando nisso, mas não acho que tenham sido muito fortes em seu apoio à Ucrânia durante este período", acrescentou, sem especificar quais países podem vacilar em seu apoio à Ucrânia.
Zelenskiy visitou a Alemanha para o Conselho de Segurança de Munique em fevereiro do ano passado, pouco antes do início da guerra. A Alemanha foi limitada em seu apoio à Ucrânia naquela época, tanto por sua dependência energética da Rússia quanto pelo pacifismo que emergiu de sua sangrenta história do século XX.
Aumentar seu apoio exigiu uma grande reviravolta política e uma mudança de mentalidade que Scholz apelidou de "Zeitenwende", ou virada de era, em um discurso histórico poucos dias após o início da guerra.
Zelenskiy voou para Berlim em um avião do governo alemão escoltado sobre o espaço aéreo alemão por caças da força aérea Luftwaffe, chegando no meio da noite.
Ele deveria viajar na tarde de domingo para Aachen, no oeste da Alemanha, para receber o prestigioso prêmio Carlos Magno em homenagem aos serviços prestados à Europa.
O povo ucraniano, sob a liderança de Zelenskiy, está lutando não apenas por seu país "mas também pela Europa e pelos valores europeus", disse o comitê do prêmio em um comunicado.
(Reportagem de Pavel Polityuk, Tom Balmforth, Andreas Rinke, Sarah Marsh, Victoria Waldersee e Matthias Williams)
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