Dólar cai pelo quarto dia favorecido pelo diferencial de juros do Brasil

Publicado em 12/05/2023 17:22

Logotipo Reuters

Por Fabricio de Castro

 

 

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista emplacou a quarta baixa consecutiva ante o real nesta sexta-feira, na contramão do exterior, em um movimento novamente favorecido pelo diferencial de juros entre o Brasil e os demais países, após os novos dados de inflação reforçarem a expectativa de uma taxa Selic ainda elevada no curto prazo.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9223 reais na venda, com queda de 0,29%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou baixa de 0,43%.

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,61% em abril, depois de ter avançado 0,71% em março. Nos 12 meses até abril, o índice foi de 4,18%, ante 4,65%.

Apesar da desaceleração, o IPCA ficou acima das expectativas de analistas em pesquisa da Reuters, de alta de 0,54% no mês e de 4,10% em 12 meses.,

No mercado financeiro, uma das avaliações foi de que o IPCA reduziu as chances de o Banco Central iniciar o ciclo de cortes da Selic, atualmente em 13,75% ao ano, no curto prazo. Essa perspectiva menor foi, inclusive, precificada na curva de juros brasileira.

Ao mesmo tempo, nos EUA, os investidores viam chances maiores de o Federal Reserve manter sua taxa básica na faixa de 5,00% a 5,25% em sua próxima decisão de política monetária.

Na prática, a avaliação é de que o diferencial de juros segue atrativo para os estrangeiros investirem no Brasil, em especial na renda fixa.

“Temos a leitura de uma possível pausa no ciclo de aperto das políticas monetárias no mundo desenvolvido, mesmo que não seja consensual. No Brasil, temos a área comercial muito forte desde o início do ano e o BC está firme em sua postura técnica de manutenção da Selic”, disse Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, ao avaliar o viés mais recente de baixa para o dólar no Brasil.

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, cita ainda uma correção técnica para justificar a queda mais recente do dólar no Brasil.

“O real também se desvalorizou mais do que outras moedas em sessões anteriores, por conta das notícias sobre o arcabouço fiscal e sobre a indicação do novo diretor de Política Monetária para o BC”, pontuou a economista. “Agora tem uma correção.”

Nos últimos dias, também têm chamado a atenção notícias de que agentes do mercado estão elevando posições no real.

Na última quarta-feira, o JPMorgan recomendou em relatório a clientes uma posição comprada no real (no sentido de alta para a moeda brasileira, queda para o dólar). O banco pontuou que o Brasil segue oferecendo a maior taxa de juros real entre os emergentes.

Nesta sexta-feira, o economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Robin Brooks, fez um tuíte comparando o movimento do dólar ante o real em relação à inflação dos EUA. Por meio de um gráfico, ele pontuou que quando a inflação norte-americana é baixa, o dólar cede ante o real.

“Vai ser um choque para as pessoas, mas o real do Brasil não é realmente sobre o Brasil. É sobre a inflação dos EUA”, comentou. De acordo com Brooks, o “valor justo” da moeda norte-americana, de 4,50 reais, “está chegando”.

Na B3, às 17:29 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,20%, a 4,9410 reais.

No exterior, o dólar seguia com um viés de alta ante outras divisas.

Às 17:29 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,59%, a 102,690.

Pela manhã, no Brasil, o Banco Central vendeu todos os 16.150 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de junho.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário