Contração da indústria do Brasil se aprofunda em abril e levanta alerta, mostra PMI
Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A indústria brasileira afundou ainda mais em abril em meio à redução da produção diante de uma contração mais intensa na entrada de novos negócios, levantando um sinal de alerta, apontou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta segunda-feira.
A S&P Global informou que o PMI da indústria do Brasil caiu a 44,3 em abril, de 47,0 em março, indo ainda mais abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração.
É a sexta leitura seguida em patamar de retração, marcando o nível mais baixo desde dezembro de 2022 (44,2).
"Os resultados para o setor industrial são preocupantes, já que a contração na produção acelerou para a segunda mais intensa em quase três anos durante abril", destacou a diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, Pollyanna De Lima.
"Além disso, uma queda acentuada e acelerada nas encomendas à indústria é um mau presságio para as perspectivas, sugerindo que uma recuperação iminente nas condições operacionais parece improvável", completou ela.
De acordo com a pesquisa, as empresas indicaram que o poder de compra menor das famílias, a demanda fraca e a incerteza em torno de políticas públicas pesaram sobre o desempenho do setor.
As encomendas para a indústria diminuíram a uma das taxas mais fortes desde o início da pandemia de Covid-19 em meados de 2020. De acordo com os entrevistados, vários clientes adiaram a aprovação de contratos pendentes, o que, combinado com a fraqueza no setor automotivo, reduziu a renda disponível, e a demanda enfraquecida resultou em nova contração das vendas.
Diante disso, os volumes de produção foram reduzidos de novo em abril, no segundo ritmo mais forte de contração em quase três anos. Assim, houve nova rodada de cortes de empregos.
As vendas para o exterior tiveram nova contração em abril, porém dessa vez no ritmo mais lento em seis meses, de acordo com a S&P Global.
Em relação à inflação de custos, houve aumento no mês passado, com os entrevistados citando preços mais elevados de alimentos, metais e plástico. No entanto, custos menores de outras matérias-primas impediram uma inflação mais elevada.
As empresas evitaram elevar os preços de produção devido a pressões competitivas e à fraqueza da demanda, deixando-os praticamente estáveis e encerrando quatro meses de inflação.
Em meio a isso e com preocupações sobre o cenário político e desafios econômicos, a confiança empresarial entre o setor industrial atingiu uma mínima de 18 meses.
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