China diz respeitar soberania de ex-Estados soviéticos após protestos da UE

Publicado em 24/04/2023 15:22

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Por Andrew Gray e Ingrid Melander

 

 

LUXEMBURGO (Reuters) - A China respeita o status dos ex-membros da União Soviética como nações soberanas, disse seu Ministério das Relações Exteriores nesta segunda-feira, depois que comentários de seu enviado a Paris provocaram alvoroço entre as capitais europeias.

Vários ministros das Relações Exteriores da União Europeia afirmaram que os comentários do embaixador Lu Shaye -- nos quais ele parecia questionar a soberania da Ucrânia e de outros ex-Estados soviéticos -- eram inaceitáveis e pediram a Pequim que esclarecesse sua posição.

Questionada se a colocação de Lu representava a posição oficial da China, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que Pequim respeita o status dos ex-membros soviéticos como nações soberanas após o colapso da União Soviética.

Mao disse em uma coletiva de imprensa que são seus comentários sobre soberania que representam a posição oficial do governo da China.

A embaixada chinesa em Paris emitiu um comunicado nesta segunda-feira para dizer que os comentários de Lu sobre a Ucrânia "não foram uma declaração política, mas uma expressão de suas opiniões pessoais".

Ambas as declarações, após a reação, pareciam ser um esforço para aliviar a tensão com o bloco europeu, enquanto Washington também citou a crescente proximidade entre Pequim e Moscou.

"Pequim se distanciou dos comentários inaceitáveis de seu embaixador", disse Josep Borrell em coletiva de imprensa, dizendo que são "boas notícias".

Os líderes da UE discutirão a posição do bloco em relação à China e suas futuras relações com Pequim durante sua próxima cúpula em junho, disse o presidente do Conselho da UE, Charles Michel.

Lu ganhou reputação como um dos diplomatas "lobo guerreiro" da China, assim chamado por seu estilo agressivo e abrasivo.

Questionado sobre sua posição se a Crimeia faz parte da Ucrânia ou não, Lu disse em uma entrevista transmitida na TV francesa na sexta-feira que historicamente faz parte da Rússia e foi oferecida à Ucrânia pelo ex-líder soviético Nikita Khrushchev.

"Esses países ex-URSS não têm status real no direito internacional, porque não há acordo internacional para materializar seu status soberano", acrescentou Lu.

Seus comentários mais recentes foram "totalmente inaceitáveis", disse o ministro das Relações Exteriores tcheco, Jan Lipavsky, a repórteres antes de uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE em Luxemburgo. "Espero que os chefes deste embaixador resolvam essas coisas."

Vários outros ministros da UE também consideraram os comentários inaceitáveis, e o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, disse que os três países bálticos -- todos anteriormente parte da União Soviética -- convocariam representantes chineses para pedir oficialmente esclarecimentos e verificar se sua posição havia mudado.

Lu foi convocado ao Ministério das Relações Exteriores francês várias vezes no passado, inclusive por sugerir que a França estava abandonando idosos em asilos durante a pandemia da Covid-19 e por chamar um respeitado estudioso da China em um think-tank francês de "hiena louca".

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Fonte:
Reuters

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