Ibovespa cede com exterior negativo e regra fiscal; Vale recua
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa caía nesta quarta-feira, diante de cenário negativo no exterior, enquanto, internamente, agentes financeiros reagiam à apresentação do texto do novo arcabouço fiscal e aos dados operacionais divulgados pela Vale.
A mineradora e a Petrobras eram as maiores influências negativas ao índice, enquanto Copel e BB Seguridade estavam na ponta oposta.
Às 11:41 (de Brasília), o Ibovespa caía 1,62%, a 104.438,33 pontos. O volume financeiro somava 7,7 bilhões de reais.
O índice acompanhava recuo das três principais referências acionárias em Nova York, com o avanço dos rendimentos dos Treasuries por expectativas de que o Federal Reserve (Fed) pode manter os juros em níveis elevados por mais tempo, enquanto balanços corporativos seguiam no radar. O banco central norte-americano divulga nesta tarde o Livro Bege.
Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, disse que declarações de membros do Fed na véspera apontaram um cenário de política monetária mais restritiva durante mais tempo. "As falas foram uníssonas na visualização de uma 'fed fund rating' mais forte por um tempo maior".
No Brasil, agentes financeiros continuavam a refletir a apresentação oficial do texto da nova proposta de arcabouço fiscal na tarde da véspera. O projeto de lei ainda terá de ser aprovado no Congresso.
O texto estabelece que as despesas poderão crescer até 70% do aumento observado nas receitas recorrentes, visando dar sustentabilidade à trajetória da dívida pública, além de definir limites mínimos e máximos para a alta dos gastos.
Analistas do Citi afirmaram em relatório que havia incerteza sobre a presença de receitas extraordinárias e como elas podiam gerar aumento gastos.
"Considerando esse risco, o governo definiu que apenas a arrecadação de impostos recorrentes será contabilizada. Em segundo lugar, o governo listou todos os tipos de despesas que serão consideradas exceções. Algumas delas já eram uma exceção ao teto de gastos --como algumas transferências de fundos específicas, custos eleitorais e alguns outros", escreveram eles em relatório.
Arbetman, da Ativa, disse que o mercado segue dissecando os pormenores do arcabouço, e que o cenário de potencial dificuldade para elevar as receitas está tornando o ambiente para a bolsa "mais difícil".
Mais cedo, o IBGE divulgou uma retração de 0,2% na produção industrial do país em fevereiro em comparação ao mês anterior, um pouco pior do que a expectativa de analistas, de recuo de 0,1%.
Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também estavam no radar.
DESTAQUES
- VALE ON caía 3%, a 76,18 reais, após divulgar alta de 5,8% na produção de minério de ferro no primeiro trimestre ante igual período de 2022, enquanto as vendas do fino da commodity recuaram 10,6%, dado que foi destacado negativamente por analistas. Apesar disso, a Vale manteve seu plano anual de comercializações inalterados. A queda no minério de ferro em bolsas da Ásia após planejador estatal da China emitir outro alerta sobre os preços também pressionava as ações da mineradora.
- HAPVIDA ON recuava 4,17%, a 2,3 reais, caminhando para a quinta queda consecutiva. O desempenho negativo na sessão ocorre apesar de o Itaú BBA ter reiniciado a cobertura da ação com recomendação "outperform".
- PETROBRAS PN recuava 1,83%, a 26,89 reais, com queda do petróleo diante de temores de que maior elevação dos juros no Estados Unidos possa pesar no crescimento econômico e reduzir a demanda pela commodity. O contrato tipo Brent exibia perdas de 1,8%. Além disso, investidores mantinham no radar notícias sobre as conversas da estatal junto ao Cade em relação a seu programa de desinvestimentos.
- ITAÚ UNIBANCO PN tinha queda de 0,85%, a 25,72 reais, e BRADESCO PN perdia 0,95%, a 13,51 reais. No setor financeiro, BTG PACTUAL UNIT recuava 2,12%, a 22,65 reais.
- EMBRAER ON avançava 0,92%, a 20,78 reais. De pano de fundo, o jornal Valor Econômico disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será mais atuante na empresa. A reportagem cita Natália Dias, diretora da área de mercado de capitais e finanças sustentáveis do banco de fomento.
- ORIZON ON, que não está no Ibovespa, cedia 9,26%, a 32,84 reais, após anunciar oferta de ações.
- DASA ON, que também não está no Ibovespa, mostrava declínio de 8,1%, a 7,37 reais, após a empresa precificar oferta primária de ações a 8,50 reais cada papel, contra 8,02 reais no fechamento de terça-feira, levantando cerca de 1,67 bilhão de reais.
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(Por André Romani, edição Flávia Marreiro.)
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