Ibovespa dispara mais de 4% impulsionado por alívio no IPCA
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa disparou mais de 4% nesta terça-feira, fechando na máxima em cerca de um mês, embalado pela desaceleração mais forte do que a esperada da inflação no Brasil em março, mas também pela alta de commodities como o petróleo e o minério de ferro no exterior.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 4,29 %, a 106.213,76 pontos, maior ganho percentual diário desde 3 de outubro do ano passado, quando subiu 5,5%, um dia após o resultado do primeiro turno da eleição no Brasil.
O volume financeiro no pregão somou 31,85 bilhões de reais, acima da média diária do mês (19,6 bilhões de reais) e do ano (24,8 bilhões de reais), também refletindo operações visando os vencimentos de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro, que ocorrem na quarta-feira.
O IPCA subiu 0,71% em março, depois de ter avançado 0,84% em fevereiro, divulgou o IBGE nesta terça-feira. Em 12 meses, acumulou alta de 4,65%, a mais baixa e a primeira vez abaixo de 5% desde janeiro de 2021. Ambos os dados foram menores que as expectativas de economistas.
"Quando a economia esta desacelerando e a inflação começando a cair, espera-se que o Banco Central derrube o juro,", afirmou Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, acrescentando que o mercado costuma a antecipar esse movimento e que setores mais cíclicos tendem a se beneficiar, como se viu nesta sessão.
Entre as empresas cíclicas, mais sensíveis às condições econômicas do país, estão a de consumo, varejo, construção civil, viagens, que figuraram entre as maiores altas do Ibovespa nesta sessão. A perspectiva de alívio monetário também serve como alento a companhias com elevado endividamento.
Estrategistas têm apontado que um alívio na taxa Selic, atualmente em 13,75%, é essencial para uma melhora mais sustentável das ações brasileiras, principalmente daquelas sensíveis à economia interna. Até o momento, a previsão entre economistas no Focus é de queda em meados do segundo semestre.
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, perspectivas de a proposta do governo para o novo arcabouço fiscal ser aprovada de maneira rápida no Congresso combinadas ao IPCA e à alta de commodities criaram um clima mais favorável aos ativos brasileiros.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta terça-feira que o governo encaminhará seu projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias ao Congresso na sexta-feira, mas que a proposta do arcabouço fiscal deve ficar para o início da próxima semana, uma vez que técnicos ainda trabalham em ajustes "redacionais" ao texto da regra fiscal.
Dados da B3 também mostram estrangeiros voltando para a bolsa paulista, com saldo positivo em 655,5 milhões de reais nos primeiros pregões de abril, após as vendas superarem as compras em fevereiro e março. Em janeiro, houve entrada líquida de 12,55 bilhões de reais.
No exterior, Wall Street fechou sem uma direção única, com investidores à espera de dados de inflação nos Estados Unidos na quarta-feira, bem como do início da temporada de balanços de empresas norte-americana, com os resultados na sexta-feira de Citigroup, JPMorgan Chase e Wells Fargo.
DESTAQUES
- GOL PN saltou 17,13%, a 7,11 reais, seguindo o viés positivo no setor de consumo, em movimento reforçado pela forte queda do dólar em relação ao real. AZUL PN disparou 13,81%, a 12,28 reais.
- MAGAZINE LUIZA ON avançou 12,84%, a 3,78 reais, com o setor de varejo como um todo se beneficiando do noticiário mais favorável sobre a inflação. No segmento de vestuário, LOJAS RENNER ON valorizou-se 9,31%, a 16,9 reais.
- HAPVIDA ON subiu 12,77%, a 2,65 reais, encontrando respaldo no bom humor generalizado na bolsa paulista, um dia antes da precificação de oferta bilionária de ações, que tem como objetivo fortalecer a estrutura de capital da companhia.
- EZTEC ON fechou com elevação de 9,81%, a 14,22 reais, e CYRELA ON avançou 9,64%, a 15,24 reais, apoiadas no forte alívio na parte longa da curva de juros no Brasil.
- YDUQS ON registrou acréscimo de 10,06%, a 7,99 reais, tendo também como pano de fundo autorização do Ministério da Educação para expandir o curso de graduação em medicina na Faculdade Estácio de Alagoinhas, na Bahia, de 65 para 118 vagas ao ano.
- COPEL PNB valorizou-se 3,35%, a 7,41 reais, após homologação de acordo de conciliação de 1,7 bilhão de reais entre o Itaú e o Estado do Paraná envolvendo a empresa, bem como a definição de quanto a Copel terá de pagar para renovar concessões hidrelétricas.
- VALE ON subiu 5,28%, a 82,36 reais. O contrato futuro de minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com alta de 1,5%, a 798,50 iuanes (115,97 dólares) a tonelada.
- PETROBRAS PN avançou 4,69%, a 25,66 reais, embalada pelo otimismo generalizado na B3, com o contrato de petróleo Brent fechando em alta de 1,7%, a 85,61 dólares o barril.
- ITAÚ UNIBANCO PN encerrou com elevação de 3,24%, a 25,47 reais, também contagiado pelo viés mais comprador no pregão paulista, com BRADESCO PN subindo 5,24%, a 13,87 reais.
- MINERVA ON recuou 1,29%, a 9,94 reais, entre as poucas quedas do Ibovespa na sessão. Dados nesta terça-feira mostraram que as exportações de carne bovina do Brasil recuaram no primeiro trimestre. A Minerva é a maior exportadora de carne bovina na América do Sul.
- TAESA UNIT cedeu 0,03%, a 33,94 reais, entre os poucos papéis no campo negativo no Ibovespa. A transmissora de energia disse na noite da véspera que não tomou qualquer decisão formal sobre uma potencial oferta pública de ações.
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