Haddad diz que BCs de economias avançadas têm que continuar a calibrar juros para combater inflação
SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que os bancos centrais de economias avançadas têm que continuar a calibrar suas políticas monetárias para combater a inflação persistentemente alta, de acordo com comunicado preparado para reunião desta semana do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Um mercado de trabalho relativamente apertado em algumas economias-chave, juntamente com uma inflação elevada, sugerem um período prolongado de pressões inflacionárias, particularmente no setor de serviços", comentou Haddad no comunicado divulgado nesta terça-feira mas com data de 13 e 14 de abril.
Nestas circunstâncias, conforme o ministro, atingir a estabilidade de preços será "provavelmente" um processo de vários anos.
Ao mesmo tempo, Haddad defendeu que taxas de juros elevadas por um longo período aumentarão as vulnerabilidades do setor financeiro, exigindo estruturas mais fortes e resoluções de supervisores e reguladores.
Os comentários de Haddad surgem em um momento em que, no Brasil, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem criticado o Banco Central por manter a taxa básica de juros Selic em patamares mais altos. Em sua última reunião de política monetária, em março, o BC manteve a Selic em 13,75% ao ano e reafirmou suas preocupações com as expectativas de inflação.
Já nos Estados Unidos há dúvidas sobre os próximos passos do Federal Reserve em sua política de juros. Após os dados mais recentes do mercado de trabalho, divulgados na sexta-feira, aumentaram as apostas de que o Fed poderá subir os juros em sua reunião da próxima semana. Por outro lado, permanecem as preocupações em torno das turbulências no setor financeiro.
"Bancos centrais e autoridades de supervisão devem continuar a observar o princípio da separação de objetivos e instrumentos ao implementar políticas monetárias e macroprudenciais, dando as devidas atenções a suas interações", disse Haddad no comunicado.
No documento, Haddad também pontuou que os episódios recentes ligados à estabilidade financeira ampliam as incertezas em uma economia global em desaceleração.
"Maior incerteza deixa os formuladores de políticas com um caminho mais estreito para restaurar a estabilidade de preços, enquanto evitam uma recessão e mantêm a estabilidade financeira", disse.
FLUXOS
O ministro da Fazenda afirmou ainda que a "fragmentação econômica" é um risco importante, que deve ser enfrentado com determinação.
De acordo com Haddad, a concentração crescente dos fluxos de comércio e investimento entre países geopoliticamente alinhados, em especial em setores estratégicos, é "extremamente preocupante".
Neste sentido, o ministro defendeu a adoção de regras que promovam a integração econômica, a diversificação produtiva, o compartilhamento de conhecimento e a redução da pobreza e da desigualdade.
Ao tratar das mudanças climáticas, Haddad defendeu a cooperação entre os países, citando a experiência obtida durante o enfrentamento global da pandemia de Covid-19.
"As mudanças climáticas colocam um desafio semelhante, que requer compromisso e contribuições firmes de todos os países", afirmou.
O FMI e o Banco Mundial estão realizando suas reuniões de primavera em Washington, que tiveram início na segunda-feira e se encerram no domingo. Embora tenha assinado o comunicado preparado para uma dessas reuniões, Haddad está neste momento acompanhando o presidente Lula em viagem à China.
(Por Fabrício de Castro)
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