Reuters: Após embates internos, Haddad vence primeira batalha pela regra fiscal

Publicado em 30/03/2023 17:50

Logotipo Reuters

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Depois de semanas de embates internos, o proposta de nova regra fiscal, divulgada nesta quinta-feira, deu uma primeira vitória à equipe econômica, que conseguiu garantir um desenho mais rígido do que boa parte do núcleo duro do governo desejava, ainda que tenha sido obrigada a ceder em alguns números.

Durante a negociação interna, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfrentou uma dura oposição formada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, a ministra de Gestão, Esther Dweck, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann - de todos, a mais vocal nas suas críticas, antes mesmo do desenho ter sido finalizado.

Ainda sem saber do que se tratava o arcabouço fiscal, deputados petistas mais radicais já diziam que um texto que agradasse ao mercado e a empresários seria muito ruim para o governo - a proposta apresentada hoje por Haddad fez subir a bolsa e cair o dólar, em um sinal de que o mercado, de fato, a considerou boa, apesar das desconfianças remanescentes..

Já do lado de Haddad no governo, ficaram a ministra do Planejamento, Simone Tebet - chamada por ele, nesta quinta, para estar na apresentação do texto - e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

A disputa era pelo tamanho do ajuste que o governo iria impor com a nova regra. O chamado grupo "desenvolvimentista" queria uma liberdade maior para o governo gastar nos primeiros anos, sob a alegação de que é preciso recuperar gastos sociais e investimentos para fazer a economia girar, conta uma das fontes ouvidas pela Reuters.

A necessidade de investimentos para alavancar a economia não é mal vista dentro da equipe econômica. No entanto, os economistas do governo defendiam a necessidade de uma regra que mostrasse o comprometimento do governo com a responsabilidade fiscal, que permitiria o corte dos juros e segurança para investidores.

Não foram poucas as reuniões em que a proposta foi dissecada, criticada, até mesmo espancada, como diz o ministro da Fazenda, mas conseguiu sair mais ou menos intacta. De acordo com as fontes ouvidas pela Reuters, o desenho apresentado nesta quinta é o mesmo colocado para o governo há três semanas, com alguns ajustes de percentuais.

O último obstáculo foi vencido na tarde de quarta-feira, quando Haddad apresentou a Lula a última versão da proposta, tendo na mesa ainda Esther Dweck, a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior e, chamada por Lula de última hora, Gleisi Hoffmann. Do encontro, saiu a decisão do presidente de dar seu aval ao texto e autorizar o ministro a apresentá-lo a parlamentares e à imprensa.

Foi um ministro da Fazenda visivelmente feliz e orgulhoso do desenho montado por sua equipe econômica que apresentou nesta quinta a proposta a jornalistas, depois de vê-la ser elogiada por parlamentares e empresários.

Foi mais um sinal, diz uma fonte, da capacidade de Haddad negociar dentro do Parlamento - rebatendo uma das críticas que eram constantemente feitas ao ministro, de que ele não teria interlocução com o Congresso.

Daqui para frente, avaliam as fontes ouvidas pela Reuters, o embate interno acabou. Ao dar sua anuência à proposta, Lula deixou claro a seus subordinados que Haddad venceu essa batalha, mesmo que outras várias ainda venham pela frente. A mais imediata delas é finalizar com todos os detalhes que irá ao Congresso.

 

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário