Petrobras terá combustível mais barato que puder sem descolar do mercado, diz CEO
Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras terá o combustível mais barato para vender ao cliente sempre que puder e sem perder a referência internacional, e utilizará suas refinarias de forma adequada e "nunca a meia bomba" como fizeram gestões anteriores, disse nesta quinta-feira o presidente da petroleira, Jean Paul Prates.
Ao falar em evento da Fundação Getulio Vargas (FGV), Prates afirmou que gestões passadas da companhia aceitaram deixar refinarias da petroleira operando abaixo da capacidade para estimular a concorrência, em meio a um processo de venda de parques de refino e avanço de importadores de combustíveis.
"O mercado nacional é composto pelo que é produzido aqui e com produto importado. Vamos praticar preços mercado brasileiro. Sempre que a gente puder ter o preço mais barato para vender para nosso cliente e nosso consumidor brasileiro, a gente vai fazer isso", afirmou o executivo.
Mas ele descartou descolar o preço da Petrobras da cotação externa, o que poderia prejudicar importadores e gerar perdas para a empresa, mas sinalizou mais concorrência.
"O preço melhor para a empresa é o preço próximo da referência internacional, não quer dizer que tenho que andar exatamente em cima da linha do preço do importador. Não quer dizer que vou me afastar, que vamos nos isolar e virar uma bolha no mundo. Temos que seguir a referência internacional."
Prates reiterou ainda que a empresa vai "disputar palmo a palmo cada litro de combustível que será vendido ao mercado".
Na véspera, a empresa reduziu o preço médio do diesel vendido nas refinarias em cerca de 4,5%, justificando a busca por manutenção da competitividade dos preços frente às principais alternativas de suprimento dos clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos de refino.
Questionado por jornalistas nesta quinta-feira se a gasolina também poderia ser ajustada, Prates afirmou: "talvez".
"A gente está flutuando de acordo com a referência internacional e com mercado brasileiro. Essa é a nossa política agora".
Prates disse em seu discurso que, no passado, "o presidente da Petrobras ia aos lugares e dizia: 'eu quero abrir espaço para concorrência'".
Ele não citou nomes de ex-presidentes da empresa. Mas disse que tais gestores "deliberadamente" deixavam "refinarias a meia bomba para entrada de concorrentes".
"Fico imaginando se o presidente do McDonald's dissesse isso sobre o Burger King. No dia seguinte estaria na rua", disse Prates.
As declarações de Prates ocorrem após o conselho da petroleira ter aprovado na véspera os executivos que irão compor a nova diretoria da companhia.
A aprovação dos diretores é importante para os planos da nova gestão, entre outros fatores, pelo fato de os diretores de Comercialização e Financeiro serem os responsáveis pelas decisões sobre ajustes em preços de combustíveis como gasolina e diesel, juntamente com o presidente-executivo.
O executivo tem prometido realizar mudanças estratégicas profundas na companhia, como a política de preços e de dividendos. No entanto, disse algumas vezes que aguardava a posse da nova diretoria e do novo conselho de administração.
A troca do conselho ainda depende da conclusão dos testes de integridade e elegibilidade dos nomes indicados e de aprovação em assembleia de acionistas.
POLÍTICA DE PREÇOS
Em sua fala no evento da FGV, o executivo voltou a criticar também a política de preços da empresa, que segue a Paridade de Preços de Importação (PPI), constituída em 2016, em meio a uma busca do governo federal para a entrada de novos investidores no setor de petróleo e derivados além da Petrobras.
Questionado por jornalistas sobre se a política de preços já foi alterada, Prates ironizou a sigla.
"Qual PPI, quem é o PPI, onde ele é publicado?... Não aceito o dogma do PPI, eu aceito a referência internacional e trabalhamos com a referência internacional e com preço de mercado de acordo com nossos clientes", afirmou.
"Cliente bom, a gente dá desconto, que paga bem a gente dá desconto... Isso é política de empresa e temos que acabar com o dogma de que tem que praticar o preço do concorrente, se o concorrente é importador, ele pratica preço de importador. Eu pratico preço de quem produz aqui."
(Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier)
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