BCE ficará atento a sinais de estresse, mas crise bancária é improvável
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu ficará atento a sinais de estresse nos empréstimos bancários devido à atual turbulência financeira, mas uma crise total é improvável por enquanto, disseram autoridades do BCE nesta quarta-feira.
Investidores estão ponderando se o BCE será capaz de continuar elevando os juros para conter a inflação, dada a turbulência no setor bancário que teve a quebra de dois credores norte-americanos e o resgate do Credit Suisse.
O economista-chefe do BCE, Philip Lane, disse que o nervosismo do mercado pode acabar sendo "um não evento" para a política monetária, ou pode afetá-la pouco, mas as chances de uma crise que reescreva completamente as perspectivas permanecem baixas.
"Sempre rodamos cenários sobre... o que acontece quando obtemos os efeitos aceleradores ou as coisas se amplificam. Mas esse é praticamente um cenário de baixo risco neste momento", disse Lane em uma conferência nesta quarta-feira.
Falando antes de Lane, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que os aumentos dos juros pela instituição podem ser ampliados se os bancos se tornarem mais avessos ao risco e começarem a exigir taxas mais altas ao emprestar, possivelmente implicando que o banco central precisaria fazer menos.
"Se, por exemplo, os bancos começarem a aplicar uma 'carga de intermediação' maior - o que significa que, em qualquer nível da taxa básica, eles exigem uma compensação mais alta pelo risco percebido que estão assumindo ao emprestar -, o repasse se tornará mais forte", disse Lagarde.
Ela reafirmou a determinação do BCE em levar a inflação na zona do euro para 2%, de 8,5% no mês passado, e observou que as altas anteriores estão apenas começando a ser repassadas para a economia.
O BCE elevou a taxa que paga sobre depósitos bancários em um recorde de 350 pontos-base desde julho, para 3%, e os mercados financeiros esperam um novo aumento para 3,5% ainda este ano.
O banco central dos 20 países que compartilham o euro elevou os juros na semana passada, mas removeu de sua mensagem a expectativa de que os aumentaria novamente nas próximas reuniões devido ao recente nervosismo financeiro.
(Reportagem de Francesco Canepa e Balazs Koranyi)
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