Ibovespa recua após dado de emprego dos EUA e com cena corporativa no radar

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava mais de 1% nesta sexta-feira, zerando a alta acumulada na semana, após um relatório sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos manter a porta aberta para aumento maior e mais rápido dos juros norte-americanos.

Investidores da bolsa paulista também repercutiam a aceleração do IPCA em fevereiro, que tende a dificultando o caminho do Banco Central para uma flexibilização monetária mais cedo no país.

Da cena corporativa, as ações de Via, Magazine Luiza e Arezzo figuravam entre as maiores perdas, tendo como pano de fundo os resultados do trio no último trimestre de 2022, com algumas notícias específicas às empresas também repercutindo.

Às 11:49, o Ibovespa caía 1,28%, a 103.724,86 pontos, com variação negativa de 0,14% na semana - contra alta de mais de 1% acumulada até a véspera. O volume financeiro no pregão somava 6,6 bilhões de reais.

Nos EUA, o Departamento do Trabalho divulgou a abertura de 311 mil vagas fora do setor agrícola norte-americano, acima das expectativas, embora a inflação salarial tenha mostrado sinais de arrefecimento e a taxa de desemprego tenha subido.

Para o economista Jonathan Pingle, do UBS, o relatório foi forte o suficiente para manter vivo o debate sobre uma alta de 0,5 ponto percentual no juro e o índice de preços ao consumidor na próxima semana "pode ser o fator decisivo".

Em Wall Street, o S&P 500 caía 0,94%, pressionado ainda por bancos em meio a preocupações com a capitalização do setor após o SVB Financial Group, banco focado em startups, anunciar emissão de ações para reforçar seu balanço.

A partir de segunda-feira, em razão do início do horário de verão nos Estados Unidos, o mercado de ações à vista na B3 terá seu horário de negociação alterado, com o call de fechamento iniciando às 16h55 e terminando às 17h00.

DESTAQUES

- VIA ON recuava 12,89%, a 1,69 real, tendo no radar o balanço com prejuízo líquido de 163 milhões de reais no quarto trimestre, alta na receita bruta, mas declínio em margem Ebitda. A dona das marcas Ponto e Casas Bahia também informou a renúncia de Helisson Brigido Andrade Lemos, vice-presidente de Inovação Digital.

- MAGALU ON caía 7,96%, a 3,12 reais, após prejuízo de 35,9 milhões de reais nos três últimos meses do ano passado, embora com alta na receita total e na margem Ebitda. A varejista afirmou que "tomou conhecimento de denúncia anônima" que cita irregularidades envolvendo operações de bonificação relativas a compras de fornecedores e distribuidores e que iniciou apuração dos fatos.

- AREZZO ON perdia 12,16%, a 68,25 reais, uma vez que teve queda de 7,1% no lucro líquido ajustado no quarto trimestre de 2022, pressionado por resultado financeiro e alta nas despesas, com declínio também na margem Ebitda ajustada.

- CVC BRASIL ON cedia 14,15, a 3,58 reais, mesmo após anunciar acordo com debenturistas envolvendo até 900 milhões de reais em dívidas. O papel vinha de cinco pregões seguidos de valorização, período em que acumulou um ganho de quase 50%.

- EMBRAER ON subia 5,23%, a 18,92 reais, após resultado trimestral da fabricante de aviões e previsão de que a receita líquida aumente em 2023 frente ao ano anterior, com melhora gradual na cadeia de suprimentos e uma elevação nas entregas de aviões. No melhor momento, a ação chegou a 19,45 reais, máxima intradia desde fevereiro de 2022.

- HAPVIDA ON valorizava-se 11,34%, a 2,16 reais, em dia de ajustes, após despencar mais de 30% na véspera e perder 7 bilhões de reais, na esteira de preocupações com a solvência da empresa de serviços de saúde, que avalia a possibilidade de emitir ações - apesar de as cotações estarem em mínimas históricas - para fortalecer sua estrutura financeira.

- ITAÚ UNIBANCO PN caía 2,43%, a 24,06 reais, e BRADESCO PN cedia 2,43%, a 13,63 reais, em meio a preocupações com o mercado de crédito no país, entre outros fatores domésticos, bem como alguma contaminação do declínio de ações de bancos em Wall Street. BANCO DO BRASIL ON recuava 1,87%.

- PETROBRAS PN tinha declínio de 0,47%, a 25,19 reais, em sessão com oscilação modesta dos preços do petróleo no exterior. A companhia comunicou na véspera que assinou acordo de cinco anos com a Shell para buscar oportunidades em atividades como exploração e produção de petróleo dentro e fora do pré-sal e esforços em transição energética.

- VALE ON mostrava acréscimo de 0,4%, a 85,32 reais, conforme os contratos futuros de minério de ferro subiram nesta sexta-feira, com o preço de referência na bolsa de Dalian a caminho de um quinto ganho semanal devido ao otimismo em torno da demanda de aço da China, à medida que o país entra no pico de sua temporada de construção na primavera.

(Edição de Luana Maria Benedito)