Ibovespa cai com temor de revisão de meta de inflação; Gerdau cede
Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa caía nesta quinta-feira, diante de temores de modificações na meta de inflação em meio a embates entre o Banco Central (BC) e cúpula do governo federal, em especial o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Itaú Unibanco e Gerdau eram as maiores influências negativas ao índice, esta após revisões de recomendação por bancos, enquanto Suzano subia na ponta oposta, em meio a comentários de executivos da rival Klabin em teleconferência de resultado trimestral.
Às 12:40 (de Brasília), o Ibovespa caía 1%, a 108.848,61 pontos, após avançar quase 2% na véspera. O volume financeiro somava 7,3 bilhões de reais.
O índice, que já operava em leve queda nos primeiros negócios, acelerou o movimento após a Bloomberg informar, citando fontes, que equipe econômica estuda antecipar uma revisão das metas de inflação do país na tentativa de acalmar as tensões entre o BC e Lula.
Mais cedo, coluna do Metrópoles havia afirmado que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sinalizou a integrantes do governo que defenderá uma alteração na meta de inflação de 2023 para 3,5%, contra os atuais 3,25%.
O BC não respondeu imediatamente a pedido de comentário da Reuters. O Ministério da Fazenda afirmou que não antecipa pautas e nem temas que serão discutidos no Conselho Monetário Nacional.
Nas últimas semanas, críticas de Lula e aliados a temas como independência do BC, atuais metas de inflação e nível de taxa de juros pesaram nos ativos locais.
Na véspera, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, enfatizou que não há qualquer intenção por parte do governo de mudar a atual lei da autonomia do BC, o que trouxe certo alívio aos mercados, mas novos focos de tensão já apareceram desde então.
Além disso, investidores digeriam dado de inflação de janeiro levemente abaixo do esperado, enquanto as vendas no varejo caíram mais do que o mercado projetou em dezembro.
O Ibovespa mais uma vez descolava do exterior, o que tem sido comum nesta semana. O S&P subia 0,4% em Nova York, com investidores atentos a resultados.
No Brasil, TIM, Bradesco, Alpargatas e Multiplan divulgam seus números após o fechamento.
DESTAQUES
- GERDAU PN caía 6,1%, a 29,24 reais, após JPMorgan e Goldman Sachs cortarem recomendação da ação a "neutra", diante de valorização recente e perspectiva de maior nível de investimentos. METALÚRGICA GERDAU PN cedia 6,27%, também após o JPMorgan também cortar sua recomendação a "neutra".
- BB SEGURIDADE ON perdia 4,08%, a 35,54 reais, após registrar lucro líquido de 1,8 bilhão de reais no quarto trimestre, expansão de 47% sobre o mesmo período do ano anterior, impulsionado pelo resultado financeiro que ganhou força com a alta dos juros no país. A companhia estimou para 2023 um crescimento entre 12% e 17% no resultado operacional não-decorrente de juros.
- PETROBRAS PN operava estável, a 26,05 reais, após divulgar relatório de produção e vendas e em meio à queda de cerca de 1,2% do petróleo Brent. As vendas totais da petrolífera ficaram quase estáveis em 2022 ante o ano anterior, após a empresa registrar uma queda de 3,2% na produção de petróleo e gás no mesmo período.
- VALE ON também exibia estabilidade, a 88,72 reais, em sessão de alta do minério de ferro na China, o que alivia redução de recomendação pelo JPMorgan.
- ITAÚ UNIBANCO PN reduzia 1,84%, a 26,09 reais, em sessão negativa para bancos. BRADESCO PN perdia 1,41%, a 13,96 reais, antes de divulgar balanço nesta quinta-feira.
- KLABIN UNIT subia 2,03%, a 19,62 reais, após conferência de resultados da empresa, na qual seu presidente, Cristiano Teixeira, disse que a companhia vai focar em redução de endividamento e ganho de eficiência operacional este ano, e espera resultado melhor no primeiro trimestre. Dólar em alta frente ao real também ajudava empresas de caráter exportador. SUZANO ON avançava 2,02%, a 46,88 reais.
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