Light nega estar perto da recuperação judicial; ações reduzem perdas, caindo 7%
Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A companhia elétrica Light negou nesta terça-feira que esteja na iminência de entrar com um pedido de recuperação judicial, em meio a dificuldades financeiras que enfrenta por complexidades próprias de sua concessão e por ações recentes que afetaram seu fluxo de caixa.
Em nota respondendo a uma publicação do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, a empresa disse que "não procede" a informação de que estaria na iminência de pedir recuperação judicial.
Também acrescentou que, recentemente, contratou a Laplace Finanças para assessorar na avaliação de estratégias financeiras que viabilizem a melhoria de sua estrutura de capital e alternativas.
As ações ordinárias da elétrica, que chegaram a cair mais de 10% mais cedo na sessão, operavam em baixa de 7,4% por volta das 14h45, após a manifestação da empresa.
A lei 12.767/2012, em tese, impede que concessionárias de serviços públicos de energia elétrica façam uso dos regimes de recuperação judicial e extrajudicial, salvo posteriormente à extinção da concessão.
A Light, que opera principalmente no segmento de distribuição de energia elétrica, sendo responsável pelo atendimento de toda a região metropolitana do Rio de Janeiro, ganhou os holofotes na semana passada, quando a contratação da Laplace trouxe preocupação a investidores e impactou seus ativos negociados no mercado, como debêntures.
O alerta em torno da empresa também foi contaminado pelo fato de a elétrica ter como um de seus principais acionistas individuais Beto Sicupira, sócio da 3G Capital, que tem sido pressionada no caso contábil da Americanas.
No fim da semana passada, as agências de rating Fitch, S&P e Moody’s rebaixaram as notas de crédito da elétrica, diante da falta de visibilidade da estratégia da empresa para lidar com os próximos vencimentos da dívida em meio a condições mais restritas do mercado de crédito e custos de financiamento mais altos.
Um dos principais problemas históricos da Light é o elevado nível de perdas de energia, principalmente por furtos, dada as complexidades socioeconômicas do Rio de Janeiro. A companhia vem aplicando diferentes estratégias para combater as perdas, mas com pouco sucesso em reverter a tendência ruim dos indicadores até então.
Além das perdas, que impactam negativamente a receita, a Light sofreu um revés no ano passado com a necessidade de devolução obrigatória, aos consumidores, de créditos fiscais bilionários.
A elétrica havia contestado judicialmente a lei que determinou a devolução integral dos valores, mas mesmo assim passou por uma revisão tarifária extraordinária que reduziu suas tarifas, em média, em 5,89%.
A situação da companhia se agrava também pelo fato de seu contrato de concessão estar perto do fim, e não haver ainda clareza sobre como se daria uma renovação --o que afeta a disposição de credores em emprestar recursos à empresa.
A concessão da Light vence em 2026. A companhia tem até junho deste ano para manifestar ao poder concedente seu interesse na renovação.
(Por Letícia Fucuchima, com reportagem adicional de André Romani)
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