Ibovespa tem queda atento à relação BC-Lula e com peso de NY
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa caía nesta terça-feira, em dia de queda em Wall Street e à medida que novos ruídos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central (BC) pressionavam os ativos locais.
B3 e Itaú Unibanco pesavam no índice, o banco antes de divulgar resultado nesta terça-feira. Vale era a maior influência positiva ao índice.
Às 12:19 (de Brasília), o Ibovespa caía 0,73%, a 107.931,07 pontos. O volume financeiro era de 7,1 bilhões de reais.
O índice chegou a subir logo na abertura, mas devolveu rapidamente o movimento após notícia de que Lula supostamente quer aprovar nomes para diretorias do BC que se contraponham ao presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, o que também pesou no câmbio local.
A decisão de Lula foi tomada após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, disse o Broadcast, serviço do jornal O Estado de S.Paulo, citando técnicos do governo. A Presidência não respondeu imediatamente a pedido de comentário enviado pela Reuters.
A notícia se soma a uma série de ruídos entre o presidente e o BC que já vinham pressionando os ativos locais. Nas últimas semanas, Lula fez críticas a fatores como a independência da autarquia e ao nível atual da taxa de juros.
Mais cedo, a ata do Copom divulgada pelo BC reafirmou a preocupação do comitê com o com arcabouço fiscal, mas fez aceno a medidas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
"No geral, a ata do Copom confirmou a escalada do tom hawkish, ratificando a visão de que o potencial corte de juros está sendo adiado ainda mais", disse a equipe do Citi em relatório.
Sobre o ruído entre Lula e BC, o banco afirmou que "nas últimas semanas, Lula vem intensificando o tom de crítica à política monetária/juros e ao Banco Central, alimentando ainda mais o processo em curso de desancoragem das expectativas de inflação".
Campos Neto também falou esta manhã, quando defendeu a independência do BC. Segundo ele, a medida é importante porque desconecta o ciclo da política monetária do ciclo político.
O Ibovespa acelerava o recuo no final da manhã, uma vez que Petrobras perdia força.
No exterior, o S&P 500 caía 0,3% com investidores de olho em declaração do chair do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, prevista para 14h40 (horário de Brasília).
DESTAQUES
- GOL PN subia 2,89%, a 7,84 reais, após anunciar que a holding Abra investirá na companhia aérea por meio de uma combinação de operações que incluem emissão de títulos de dívida e injeção de dinheiro. Além disso, a Gol divulgou dados operacionais de janeiro, com alta de 9% na demanda ante um ano antes.
- B3 ON perdia 4,38%, a 11,58 reais. De pano de fundo, investidores analisavam potencial concorrência à operadora da bolsa de valores brasileira após a Mubadala Capital comprar na véspera uma fatia majoritária da Americas Trading Group, empresa brasileira detentora de plataforma de negociação eletrônica no mercado local.
- PETROBRAS PN tinha variação positiva de 0,08%, a 25,8 reais, após subir firme mais cedo. A empresa anunciou nesta manhã redução no preço do diesel em 8,89% nas refinarias. O petróleo Brent subia cerca de 1,2% no exterior. PRIO ON ganhava 0,27% e 3R PETROLEUM ON aumentava 0,41%.
- HAPVIDA ON elevava 1,96%, a 4,69 reais, tentando recuperar queda acumulada no mês que, ainda assim, era de superior a 8%.
- ASSAÍ ON recuava 2,60%, a 18,66 reais, após o JPMorgan cortar recomendação da ação a "neutra".
- VALE ON exibia valorização de 0,23%, a 88,04 reais, interrompendo sequência de sete quedas, mesmo em sessão de novo recuo dos contratos futuros de minério de ferro na Ásia.
- MRV ON aumentava 2,63%, a 6,63 reais, depois de duas quedas seguidas e em dia de encontro da administração da empresa com investidores.
- ITAÚ UNIBANCO PN caía 1,99%, a 24,63 reais, antes de divulgar balanço trimestral no final do dia e em sessão negativa para grandes bancos.
- LIGHT ON, que não está no Ibovespa, perdia 8,71% , a 2,83 reais, após o blog do jornalista Lauro Jardim, no O Globo, dizer na véspera, sem citar como obteve a informação, que a empresa deve dar entrada com um pedido de recuperação judicial muito em breve. A Light disse à Reuters que não procede a informação de que estaria na iminência de pedir recuperação judicial e observou que contratou recentemente a Laplace para assessorá-la na avaliação de estratégias financeiras, conforme já divulgado.
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(Por André Romani)
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